Embora possa parecer óbvio, dado o fato de o Brasil ter sido colônia de Portugal durante mais de trezentos anos, houve na cidade de Pelotas uma imigração portuguesa pujante e intensa no decorrer de todo o século XIX independente do processo colonial. Já a partir da elevação do Brasil a Reino Unido com Portugal e Algarves (1816), portugueses se instalaram na cidade devido à nascente indústria saladeiril.
Ainda no século XVIII, houve levas
de portugueses do Arquipélago dos Açores, da Ilha da Madeira, de Trás-os-Montes
e do Minho que se estabeleceram durante a ocupação europeia do território do
Rio Grande do Sul na região de Pelotas. Também portugueses fugidos da Colônia
do Sacramento (ex-colônia lusa na foz do Rio do Prata). Uma dessas famílias evadidas
foi a do Padre Felício Pereira da Costa – fundador da freguesia de São
Francisco de Paula das Pelotas em 1812, que daria origem à cidade.
Os portugueses estiveram envolvidos
nos mais diversos setores da economia pelotense. Trabalharam na agricultura, na
pecuária, na indústria e no setor de serviços. Envolveram-se ativamente na
cultura da cidade, participando de associações de diferentes naturezas ao longo
do século XIX e início do século XX. Aos portugueses a cidade deve um dos mais
importantes hospitais que é o da Sociedade Beneficência Portuguesa. Em 1926,
foi fundado o Centro Português Primeiro de Dezembro, situado à Rua Andrade
Neves, com uma arquitetura gótica inspirada na terra natal. No centro da
cidade, próximo à linha férrea do bairro Simões Lopes, também encontramos o
obelisco comemorativo à imigração portuguesa em Pelotas, onde se apresenta a
esfera armilar representativa do espírito navegante e aventureiro dos lusos. O
local que é também o terminal de ônibus urbanos da zona norte da cidade recebe
o justo nome de Largo de Portugal. Em Pelotas também existe um bairro
chamado Recanto de Portugal, onde as ruas recebem o nome de municípios
portugueses.
A tradição doceira da cidade de
Pelotas é diretamente influenciada pela gastronomia portuguesa.
Especificamente, muitos pesquisadores consideram que as técnicas usadas na
fabricação dos famosos pelotenses se vinculam as mesmas técnicas seculares
encontrada na cidade de Aveiro, em Portugal, de onde vieram muitos imigrantes
lusitanos.
Fontes:
ARROTEA, Jorge
Carvalho & FISS, Regina Lucia Reis de Sá Britto. Traços da comunidade
portuguesa em Pelotas. Pelotas: TCC, Universidade Federal de Pelotas, 2006.
BECKER, Klaus. A
imigração no Sul do Estado do Rio Grande do Sul. In: BECKER, Klaus (org.). Imigração.
Canoas/RS: Editora Regional, 1958.