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terça-feira, 4 de maio de 2021

Imigração Judaica no Rio Grande do Sul



 No século XVI, chegaram ao Brasil, vindos de Portugal, os primeiros judeus, que, na maioria, tinham vivido antes na Espanha. A 31 de Março de 1492, em Granada, os reis Fernando e Isabel assinaram o decreto que ordenava a saída da Espanha de todos os judeus que no prazo de 4 meses não se convertessem ao catolicismo. Dos milhares de judeus que viviam na Espanha, bom número foi para Marrocos e para a Turquia. Mas de a metade, porém, atravessou a fronteira e entrou em Portugal, a corrida por Dom João II mas, em dezembro de 1496, o novo Rei de Portugal, Dom Manuel, decretou a expulsão de todos os judeus de Portugal que não se convertessem ao catolicismo dentro de 10 meses. Tinham que sair pelo Porto de Lisboa. o cerca de 5000 mais ricos embarcaram para Marrocos e países da África a maior parte, porém, se converteu ao catolicismo, passando a ser os cristãos novos. E os que, as ocultas, se mantiveram ligados a crença judaica, passaram a se chamar marranos no final de 1497 Não havia mais nenhum judeu declarado em Portugal, todos se tinham convertido em cristãos-novos. 

O Brasil, colônia portuguesa, sujeito a inquisição, foi o país do mundo que recebeu o maior número de marranos, mas os que praticassem qualquer ação atestando se judeus eram enviados a Lisboa para julgamento, enquanto os judeus que iam para Turquia, Marrocos, Holanda e Inglaterra tinham liberdade de viverem como judeus. 


No descobrimento do Brasil, já com três anos de Governo, Dom Manuel converterá ao catolicismo todos os judeus residentes em Portugal assim, os 250 mil judeus vindos da Espanha e o cerca de 150.000 que desde remotos tempos viviam em Portugal foram integrados à comunidade cristã Portugal tinha, então, 1200000 habitantes, dos quais 400.000 eram de origem judaica e a maioria praticava, azul cultas, sua religião de cada três portugueses, um era Cristão novo. eram cristãos novos, por exemplo, Gaspar da Gama, da expedição de Cabral; Fernando de Noronha que em 1503, recebia de Dom Manuel autorização para explorar a costa brasileira, e descobriu a ilha batizada com seu nome. João Ramalho também era Cristão novo.  o governador geral, Duarte Coelho, trouxe da Ilha da Madeira idade São Tomé numerosos capatazes e Operários de Deus, que, além de eficientes, libertavam da Furia religiosa da Península Ibérica Gilberto Freyre refere uma especializada ação de mecânico judeus nos engenhos de Açúcar.


 Em 1544 no quarto auto-de-fé realizado pela inquisição em Lisboa, temos o primeiro degredado para o Brasil por crime de judaísmo, o que depois se tornaria  comum. Olinda, Recife e Salvador foram especiais para deimos de judeus degredados o degredo para o Brasil era caminho para liberdade de ser judeu o próprio Dom sardinha dizia " enterra tão vasta e despovoada convém fechar os olhos ", maneira de pensar também adotada pelos padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega "vieram traço diz Pedro Calmon, em sua história do Brasil traço na qualidade de cristãos-novos, mas tão se implantou entre nós. transferiu para o reino os que lá deviam ser julgados. Ao contrário, sem nunca terem importado A Perseguição, o Brasil exportou a coexistência, com a missão política que levou ao Portugal, em 1641, o Padre António Vieira, comissionado pelos Mercadores e homens bons para pedir a Dom João quarto justiça e segurança para os cristãos novos... "


 A propósito dos marranos, conclui Calmon: "onde estão as dezenas de milhares de cristãos novos que desde a expedição de Martim Afonso E desde o povoamento maciço da terra do Ouro deram com os ossos nestas plagas e com eles a adubação ponto e, os que vieram com Tomé de Souza; os que vieram por todo século 17; os que vieram durante o século 18, Cujo sobrenomes lusos, peixeira, do primeiro poeta nosso, Silva, de Antonio Jose, o teatro logo, se confundem com os dos cristãos velhos deste país? Hoje é impossível identificar eles a descendência. "


 Em 1752 se instalaram nas margens do Guaíba, junto a capital do Rio Grande do Sul, 60 casais açorianos, entre os quais havia bom número de judeus.  pela lei assinada em 25 de maio de 1773, pelo Marquês de Pombal, foram revogadas as leis discriminatórias aos cristãos novos não mais sujeitos a Perseguição, também, em consequência dos casamentos mistos, os marranos do Brasil foram se filiando ao catolicismo religião oficial. antes de meados do século 18, milhares de judeus sefaradim, judeus orientais emigrados para Espanha, depois para Portugal, para Marrocos e, enfim, entrados na Amazônia , estabelecendo-se principalmente em Belém e Manaus e localidades menores, atuando maciçamente no comércio, utilização de vias fluviais, transformando barcos em lojas flutuantes.

 em Belém e Manaus estão as comunidades judaicas mais antigas do Brasil, Como se comprova pela sepulturas judeus em Belém de 1830 e 1840 a partir de 1870, chegam ao Brasil, especialmente em São Paulo, Porto Alegre e Rio Grande judeus alsacianos, franceses e ingleses.


Mas o início da imigração Judaica organizada no Rio Grande do Sul inicia em 1904 com a vinda do primeiro grupo para phillipson, através da Jewish colonization Association (ICA), onde 1905 funcionava a primeira sinagoga do estado, e Em 1906, a primeira escola judaica no Rio Grande do Sul ponto. e continuaram chegando Imigrantes para phillipson, donde foram partindo para Santa Maria, Cruz Alta e Porto Alegre na capital logo foram se organizando, tanto assim que, em 1909, já formaram o primeiro miniam, mínimo de dez homens preparados, em condições de iniciar as orações, nos dias do rosh hashaná ( ano novo) e do  yom kippur ( dia do Perdão) ponto fizeram parte das orações, que tiveram lugar Na casa de Salomão Levy, além dele, as seguintes pessoas: Leon Back, Jacob Mostowsky, Maurício Rosenbaum, Natan Cohen, Harry Fineberg,  Martin Horris,  Bernardo lewgoy,Isaak Holman, Miguel Galanternick, Jacob Pagorelsky, Volf Melzer, Abrahan Silverstone,  Francisco Rosemberg e Marcos Saffer, Todos da comunidade israelita de Porto Alegre em 1910 era fundada a união Israelita Porto Alegrense, entidade Judaica mais antiga do município.


Em 1911 chega o primeiro grupo de imigrantes para quatro irmãos ( fazenda com 93850 hectares, que fazia parte de Passo Fundo e hoje, de Erechim e Getúlio Vargas, transformada em colônias), e em 1913, o segundo grupo bom dois outros grupos vieram em 1926 e 1927, fugindo da opressão dos países Onde viviam.


A Comunidade Judaica Gaúcha está preparando Com intensa programação o primeiro Centenário da imigração Judaica no Rio Grande do Sul, a 18 de outubro, lembrando a mesma data de 1904, quando 38 famílias, após longa viagem, desembarcavam de um vagaroso trem maria fumaça na pequenina estação da colônia phillipson, próxima de Santa Maria Diferentemente dos demais Imigrantes não vinham propriamente em busca de fazer América do desenvolvimento econômico, mas em busca de segurança, fugindo da discriminação, do preconceito, na miséria, das humilhações e do antissemitismo. Como todos os imigrantes, enfrentaram dificuldades iniciais com o desconhecimento da língua, a falta de experiência no cultivo da terra, atividade que eles era proibida em suas pátrias exatamente por serem judeus. mas em phillipson, onde Imigrantes de diferentes etnias tentavam viver o mesmo sonho a ser alcançado pela solidariedade e pelo trabalho, logo construíram belas amizades com liberdade de se organizarem e cultivar em também sua identidade familiar, histórica, social e religiosa.


De países diferentes, os judeus foram se reencontrando em famílias e comunidades, respeitando e sendo respeitados pelas demais etnias, que, juntando diferentes histórias e experiências, construíram esta maravilhosa realidade brasileira O que é a fisionomia mais completa da humanidade intermos de raças, etnias e culturas para uma sempre mais rica e sólida unidade nacional.


FONTE: CORREIO RIOGRANDENSE (Caxias do Sul/RS), 13 de Outubro de 2004, pág. 04