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segunda-feira, 1 de março de 2021

Rubinei Machado


 Liderança que zelava por suas convicções, mantinha-se aberto ao diálogo. Contemporizando diferenças, foi permanente debatedor acerca da justiça, dignidade e reparação à comunidade negra. Como diretor do Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo, esteve à frente de projetos que fomentaram tanto a criatividade artística e a integração cultural, quanto a troca de ideias, proporcionando a reflexão acerca da discriminação e preconceito, bem como do contexto ideológico, político e econômico. Rubinei tanto incentivava a Biblioteca Negra do Fica Ahí, quanto a “rústica” comemorativa a Zumbi no 20 de novembro. Liderança do movimento negro, empenhou-se pela vinda de autores para lançamento de livros, e esteve junto da organização de inúmeras palestras com convidados do País e exterior. 

Uma das reflexões de Rubinei: “Cada vez tenho mais certeza que precisamos mudar as estratégias para buscar a reparação aos negros deste País. Não podemos negar que, com os governos populares, algumas coisas estão acontecendo, mas para nós isto não deve bastar. O que temos é um Estado reformista que ajuda aqui, ali, mas não resolve a questão maior que é a Reparação. Necessitamos equidade para atingir a igualdade. Um estado reformista não atende nossas necessidades e reivindicações históricas. Leia isto no Estatuto da Igualdade Racial e tantas outras ações governamentais. Enfim cabe a nós sabermos qual Estado queremos, nos insubordinando através de discussões e estratégias para que possamos fazer frente ao Estado que, racista, não quer reconhecer a dívida que tem com os negros. Age com truculência e usa palavras bonitas como ‘ações afirmativas’ e ‘igualdade racial’. Porém, esconde a real intenção de não atender as lutas históricas do povo negro brasileiro. Necessitamos de um Estado transformador. Como negros precisamos debater dois assuntos: ações afirmativas e participação dos negros nos espaços de poder”. 

Assim impunha-se Rubinei, com lucidez e firmeza, suas marcas registradas, e que deixarão saudades para sempre, no âmago da comunidade negra pelotense.

Fonte: Ícones Inesquecíveis. Pelotas/RS: Conselho da Comunidade Negra/Prefeitura de Pelotas, 2019. (folder de divulgação cultural)