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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Sobrenome Sátiro


"SÁTIRO - Sobrenome português, primitivamente alcunha. Inspirado no personagem mitológico grego metade homem, metade cabra. É uma referência ao modo de andar, ou mesmo a um indivíduo rústico, simples, resistente, que não se apega a luxos."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 18 de Fevereiro de 1994, pág. 11

Relato sobre os índios ticunas em 1890


"Os Tecunas

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(Do Globo.)

Entre as diversas nações indigenas que habitam os rios JAVARY e JATAHY, á margem direita do SOLIMÕES, torna-se sobremodo notavel a dos TECUNAS, por seus usos e praticas de todo excepcionaes.

Eis o que relativamente a essa tribu escreveu no seu DIARIO DE VIAGEM AO RIO NEGRO, o ouvidor Ribeiro Sampaio.

'São os TECUNAS de um natural preguiçosissimo.

Na sua philosophia professam o miserave dogma da metempsycose ou doutrina phitagorica da transmigração das almas para outros corpos, ainda dos irracionaes.

Adoptam o rito judaico da circumcisão em um e outro sexo, sendo pela maior parte as mães ministras da operação que celebram com grandes festejos, impondo os nomes aos circumcidados.

São tão apegados á idolatria que aos mesmo já doutrinados nas nossas povoações não é possivel poder persuadir que deixem o seu idolo, pois continuamente se lhes está achando em suas casas.

É este idolo um medonha figura feita de diversas cabeças e cobertas por cima da casca de uma arvore, chamada na sua lingua AICHÁMA, que parece estopa, da qual fazem tambem alguns toscos tecidos para as cobertas.

Ao ídolo chamam HO-HO, nome que dão ao diabo.

O distinctivo d'esta nação consiste em um risco negro e estreito das orelhas até o nariz.

As mulheres não usam de cobertura nenhuma.

Têm porém os TECUNAS a singular arte de prepararem as aves e os passarinhos, que matam com esgaravalana, de tal sorte que ficam inteiros com todas as suas partes, enchendo-lhes a pelle com algodão ou sumauma, com o que contribuem para se mandarem para a Europa em beneficio da historia natural.

A respeitavel sacerdote da provincia do Amazonas e que por muito tempo viveu no Solimões, devo a descripção de um baptismo conferido a um menino TECUNA.

O digno sacerdote, que m'a referiu, foi testemunha ocular dessa scena grotesca, ou servindo-me de suas palavras, desse espectaculo doloroso, entremeiado de danças ao som de gaitas toscamente fabricadas de não sei de que madeira e taboca.

Mascarados uns com tinta vermelha e preta, referiu-me elle, e outros com rodilhas de panno e folhas na cabeça, invadiram diversos índios o lugar em que se achavam reunidos os pais da creança e os maiores da tribu, e logo após os primeiros mascarados entrou um no grupo, coberto com pelles de animaes, arremedando cada individuo o animal de que trazia a pelle e outros a ave com cujas penas se enfeitava.

Depois a creança, pintada de CARAJURU, foi collocada no hombro de uma mulher e mettida no centro de um grande circulo formado por homens e mulheres, o qual de vez em quando se abria, separando os sexos.

Em uma especie de dança frenetica, furiosa, em que os sons dos instrumentos desafinados se misturavam e confundiam com o som rouco das vozes, que repetiam constantemente a palavra - Keá.

Então, a um signal do chefe, abriu-se o circulo e cada qual começou a dançar por sua vez com a mulher que lhe ficava em frente uma especie de dança ligeira, cheia de tregeitos e movimentos lascivos, voltando em seguida para o seu lugar.

Depois, agitando o maioral uma especie de tridente que empunhava, abrio-se o circulo e a apresentadeira da creança, que se havia retirado a um banco, em meio do silencio geral, approximou-se cantando, do maioral, que, entre gestos e palavras mal distinctas, beliscou com o dedo pollegar e o index tão fortemente a cabeça da creança, que lhe veio immediatamente o sangue.

Esta terrivel ceremonia foi repetida por mais duas vezes em fórma de cruz.

Terminada ella, começaram de novo a tocar os roucos instrumentos, até que a um signal do chefe dirigiram-se todos ao panellão em que se achava o PUJAUARÚ em fermentação. Após copiosa libação encaminharam-se para a mesa, que era formada de uma porção de folhas, de pacoveira, estendidos no chão e onde assados, cosidos e moqueados achavam-se pedaços de macacos, caititús, araras, jacamins, etc. Terminou o festim entre momices e gritos que soltavam quando em cuias bebiam o nauseabundo PAJAUARÚ.

O nome que puzeram á creança foi o de URUTAC."

Fonte: A RAZÃO: ORGAM POPULAR (São Jerônimo/RS), 02 de Fevereiro de 1890, pág. 01, col. 01-03

Valerio José do Nascimento


"Fallecimento

No dia 4 do corrente falleceu, na Cachoeira, o cidadão Valerio José do Nascimento, com 80 annos de idade.

Fez a campanha de 1825 e foi um dos bravos da memoravel revolução rio-grandense de 1835, em que serviu como tenente da Republica.

Morreu pobre, sendo o seu enterramento feito a expensas do partido republicano da Cachoeira."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 07 de Dezembro de 1889, pág. 01, col. 05