Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 24 de Setembro de 1993, pág. 02
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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sexta-feira, 1 de maio de 2020
Sobrenome Moscoso
Feliz Dia do Trabalhador!
Feliz Dia do Trabalhador a todos trabalhadores e trabalhadoras neste Primeiro de Maio!
A esperança de dias melhores nestes tempos tão turbulentos.
Sobrenome Castanhoso
Personalidade: Miguel de Castanhoso, escritor português, que viajou pela Índia e Etiópia, tendo escrito 'História das Coisas que Dom Cristóvão da Gama fez nos reinos de Prestes João com quatrocentos portugueses que consigo levou', de 1564."
Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 09 de Maio de 1991, pág. 03
Comemorações do Dia do Trabalho no Rio de Janeiro em 1892
Sobre as festas com que os operarios solemnisaram no Rio de Janeiro a celebre data do 1o. de maio dão os jornaes fluminenses detalhada descripção:
N'aquella capital, reunidos, ás 11 horas da manhã, na praça da Republica, muitos operarios não só de emprezas industriaes particulares, como de estabelecimentos publicos, organisaram um prestito que desfilou pelas ruas da cidade até o theatro S. Pedro de Alcantara.
De passagem pela rua larga de S. Joaquim, parou em frente ao palacio Itamaraty, saudando o marechal Floriano Peixoto, que não se achava na occasião.
O theatro S. Pedro estava preparado para a solemnidade do dia.
No palco via-se uma extensa mesa, destinada á directoria do Centro, a cuja frente se achava o seu presidente, o sr. José Augusto Vinhaes. Muitos dos oradores inscriptos para tomar parte na sessão occuparam lugares no palco.
Por traz de todos, tambem no palco, viam-se tres bandas de musica militares.
Dos camarotes, das galerias, das frisas, pendiam bandeiras e festões, que davam á festa um tom alegre e variado.
Depois de abrir a sessão, proferiu o deputado Vinhaes um discurso, em que explicava os fins da reunião, e em que declarou que a directoria do Centro não era de modo algum responsavel pelas opiniões dos oradores que deviam seguir-se na tribuna.
Infelizmente a sessão não se manteve de princípio a fim, com a ordem que seria para desejar. Em consequencia de repetidos signaes de protestos contra o discurso de um dos oradores inscriptos, deu-se no recinto do theatro um tumulto, cujas consequencias poderiam ter sido mais graves do que foram.
Orava o sr. João Villa. Este senhor, que pelos modos é extremado n'esta delicadissima questão de inconsequencia do operario, produziu uma violenta oração, que logo no começo provocou protestos de diversos pontos da sala. D'uma frisa da direita partiam de preferencia os apartes ao orador, que terminou o seu discurso erguendo vivas á anarchia.
Já muitos espectadores tinham se retirado da platéa, receiosos das consequencias do que viam.
Apenas terminou o sr. Villa um grupo invadiu violentamente a frisa a que nos referimos, e á força obrigou a sair quantos n'ella se achavam.
Como é natural estabeleceu-se a confusão em todos os pontos. Muitas senhoras queriam sair precipitadamente.
Dez minutos depois, restabelecida uma calma relativa ao som da Marselheza, disse o sr. deputado Vinhaes que attribuía aquelle lamentavel incidente a influências da praça, que por este modo pretendiam prejudicar uma festa de paz e de harmonia, em que apenas se tratava de consagrar os direitos do proletariado, conspurcados pela burguezia argentaria.
Depois d'isso continuou a sessão, fallando ainda os srs. Bernardo Lisboa, em nome dos operarios de Campos, Rebello de Souza, que recitou uma bonita poesia, Pedro Liborio, que se mostrou de um radicalismo extremado, Leonardo França, Dias da Silva, Paulino Pallose, que proferiu uma bella oração em hespanhol. Nicolau Calle Robno Pinheiro, em nome da Federação Operaria, e o deputado Vinhaes, que agradeceu o comparecimento de todos os cavalheiros e senhoras presentes, encerrando a sessão no meio de calorosos vivas a classe operaria, á Republica, etc.
Estiveram presentes, entre outras corporações: operarios do arsenal de marinha, de guerra, de obras publicas, Marcenaria Brasileira, Club Republicano Portuguez, Federação Operaria, e outros.
- Tambem no theatro Apollo realisou-se uma bonita festa do partido operario radical.
O elegante theatro da rua do Lavradio estava inteiramente cheio.
Presidiu a sessão o sr. Carlos Lacerda.
Foi orador official o sr. Evaristo Moraes, que produziu um bonito discurso analogo ao facto que se commemorava, discutindo de passagem muitos dos factos politicos mais recentes do nosso paiz.
O discurso do orador foi constantemente interrompido por applausos, sendo elle muito cumprimentado ao terminar.
Seguiram-se outros oradores com a palavra, terminando a reunião no meio da melhor ordem possível.
- Á 1 1/2 hora da tarde, achando-se tambem reunido, no salão da Associação Memoria Luiz de Camões, grande numero de operarios, teve lugar a sessão solemne do partido operario.
Depois de ter a banda de musica Recreio Flor de Botafogo executado varias peças de seu variado repertorio e o hymno nacional, tomou a palavra o sr. França e Silva, que, como orgam do Partido Operario, discorreu largamente sobre as diversas escolas socialistas e sobre o facto do dia que motivava a reuniao; disse o orador que o Partido Operario, de que é presidente, tem como programma transformar a face da sociedade, destruir as velharias sociaes mas, pela propaganda e pelos processos da prudencia. Em seguida teve a palavra o operario Manoel Ignacio Ferreira, que dissertou a breve vida actual do operario no Brasil; sobre o mesmo assumpto fallou o operario Olivio Maioni.
Obtendo a palavra o tenente coronel Ernesto Senna, representando o Jornal do Commercio, concitou os operarios a seguirem as doutrinas de França e Silva, que tem dado á classe operaria uma orientação pratica, porque ellas concretisam a marcha evolutiva dos sentimentos dos proletarios.
Seguiu-se com a palavra o sr. Clarindo de Almeida, que pronunciou breve e significativa oração, e recitou uma poesia da sua lavra, dedicada a França e Silva; a este orador seguiu-se o sr. Ezelino Quintella que, referindo-se aos discursos anteriores, fez considerações sobre as actuaes circumstancias dos operarios no Brasil.
Teve a palavra o sr. Pinto Caldeira, que, em nome do directorio do partido operario, apresentou uma moção para ser enviada ao Congresso Nacional, pedindo a decretação do dia normal de oito horas de trabalho, tanto para as officinas publicas como particulares.
O maestro Machado pediu á assembléa a approvação da moção tal qual fôra apresentada, ao que a assembléa accedeu. Fallou tambem o sr. Theotonio Capistrano. Teve a palavra o sr. Oliveira Rodrigues, presidente do Club Operario do Engenho Novo, que proferiu brilhante discurso, salientando os feitos do partido operario brasileiro, e terminou congratulando se com o grande dia da festa do trabalho, que synthetisa a glorificação do operario universal."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 26 de Maio de 1892, pág. 01, col. 02-03
A crise alimentícia no Ceará
Refere o Libertador, da Fortaleza, Ceará:
'Esta capital lucta presentemente com uma crise medonha, a crise alimenticia, que de dia para dia toma assustadoras proporções.
A vida torna-se difficilima pela carestia dos generos de primeira necessidade, alguns dos quaes só estão ao alcance dos abastados.
Para se conhecer a intensidade da crise que atravessamos, basta fazer-se o confronto dos preços dos generos até bem pouco tempo, com os actuaes.
Vejamos.
Carne com osso que era vendida o kilo a 360, hoje 1$000.
Dita sem osso a 640, dito 2$000.
Dita do sul a 640, dito 3$000.
Bacalhau a 400, dito 800.
Farinha, litro a 80, dito 160.
Arroz, kilo a 200, dito 440.
Feijão, litro a 200, dito 400.
Milho, litro a 80, dito 160.
Gomma, litro a 160, dito 400.
Rapadura, 1 a 30, dito 80.
Assucar, kilo a 360, dito 700.
Café, kilo a 500, dito 1$400.
Manteiga, libra a 800, dito 2$200.
Banha, kilo a 320, dito 800.
Batatas, kilo a 160, dito 800.
Um ovo que custava 40 rs., vende-se hoje por 100 rs.
Uma laranja por 60 rs., uma banana por 20 rs.!
Tudo mais n'essa proporção, preços dos generos duplicados e de outros triplicados e até quadruplicados.
A familia que passava modestamente com 4 e 5$000 diarios, hoje não passará com menos de 8 a 10$000.
O pobre empregado publico que percebe minguados vencimentos e que tem ás costas uma familia de 8 e 10 pessoas, como poderá manter-se?
Do mesmo modo o operario, o jornaleiro que ganha, termo medio, 2$500 diarios, difficilmente poderá prover ás necessidades da familia.
Accrescente-se a isso os alugueis dos predios, que se acham elevadissimos, os preços das fazendas, que triplicaram, e digam si é de rosas a vida que se leva hoje no Ceará!'
Por toda a parte a mesma cousa."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 14 de Abril de 1892, pág. 02, col. 02