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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Sobrenome Cunha


"CUNHA - Toponímico. Documentado nos séculos XII e XIII como Cuinha, Coinha e Coina. Em seu contexto histórico, designa 'rochedo isolado cuja a forma lembra uma cunha'. 

Segundo J. Piel Gueiros: 'Uma tradição explica a existência de povoações com esse nome, e usual em diversas famílias, pelo fato de Dom Paio Guterres, natural de Gasconha, mandar meter nove cunhas no Castelo de Lisboa e por elas pode subir com os seus, conquistando a cidade (cerco de Lisboa, 1147). Os brasões dos Cunha, em memória desse feito, possuem nove cunhas. Dizem que os Cunha de Portugal tinham o seu solar em Cunha, termo de Guimarães'.

J. Leite de Vasconcelos complementa: 'Embora o autor de Nobiliarquia Portuguesa diga que se entende ser o solar desta família na terra de Cunha-a-Velha, termo de Guimarães, dá-lhe por armas nove cunhas e timbre hum meio grifo... acunhado de azul, com asas acunhadas de ouro. Cunha é apelido muito vulgar e ele provém sem dúvida de nome geográfico: há muitas povoações e lugares com o nome Cunha e Cunhas por todo país, principalmente no Norte e Centro'.

Este nome nada tem com o utensílio chamado 'cunha', porque a sua forma arcaica soa Cuina ou Cuinha em documentos dos séculos XI e XV; em galego também temos em geografia vastas vezes Cuiña e Cuiñas. Provavelmente, o étimo ascende ao latim 'culina' - 'cozinha' (derivada de 'cocere' por 'coquere'), a qual deu 'cozinha' em português, 'cociña' em galego e 'cocina' em espanhol. Em apoio do que digo está o haver na Galícia e noutras regiões da Espanha, locais chamados 'cocinas', 'cocinas' e 'cociñas'. Na minha hipótese a evolução de Cunha foi: 'culina-cuina-cuia-Cuinha-Cúinha-Cunha'.

Os portadores do sobrenome Cunha são muito numerosos, figurando tanto na história de Portugal como do Brasil, desde os mais remotos tempos. Personalidades: Antônio Álvares da Cunha, fidalgo e administrador português, falecido em 1791; Antônio Cândido da Cunha, pintor português (1876-1926); Antônio Luis Pereira da Cunha (1760-1837); Damiana Cunha, missionária índia brasileira do século XIX; Delfina Beigna da Cunha, poetisa brasileira, falecida em 1857; Euclides da Cunha, escritor brasileiro (1866-1909); Marias da Cunha, fidalgo e militar português, que chegou a general no exército alemão; Nuno da Cunha, administrador colonial português (1487-1539); Tristão da Cunha, navegador e fidalgo português."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 14 de Agosto de 1991, pág. 02

Sobrenome Calmon


"CALMON - Sobrenome francês toponímico. Da aglutinação dos termos 'calm' que significa plano, e 'mont', monte. Também pode ser uma derivação para monte calvo, monte descoberto de vegetação.

A vertente portuguesa indica uma migração que ocorrera desde o século XVI, pelo menos. Contudo, a vertente original francesa existe hodiernamente.

Personalidades: João Calmon, militar português (1620-1674); Pedro Calmon, historiador e professor, nascido em 1902 (nome completo: Pedro Calmon Muniz de Bittencourt); Miguel Calmon du Pin e Almeida, estadista brasileira (1794-1865)."

Fonte: FOLHA DE HOJE (Caxias do Sul/RS), 12 de Novembro de 1990, pág. 03

A nova capital de Minas Gerais


"Capital de Minas

Ha dias partiu da capital federal para Ouro Preto, o dr. Aarão Reis que, attendendo ao convite que lhe dirigiu o presidente de Minas, ali foi conferenciar com s. ex. sobre o modo pratico de levar a effeito o estudo das diversas localidades indigitadas para n'uma d'ellas se estabelecer a nova capital d'aquelle rico Estado, conforme preceituou a sua Constituição.

Estes trabalhos deseja o dr. Affonso Penna que sejam executados sob a direcção e presidencia do engenheiro dr. Aarão Reis.

As localidade indigitadas são: Juiz de Fóra, Barbacena, Varzea do Marçal, Bello Horizonte e Barra da Parauna."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 08 de Dezembro de 1892, pág. 01, col. 03

Comemoração da Lei Áurea em Pelotas


"Em Pelotas, a 13 do corrente, anniversario da promulgação da lei que libertou os escravos no Brasil, estiveram embandeirados os edificios da camara municipal, corporações beneficentes e secretarias, consulados, alguns estabelecimentos commerciaes e a União Africana.

Á noite houve illuminação.

Accrescenta um collega que, ás 8 horas, um numerossimo grupo de membros da raça africana, com o estandarte do extincto Centro Ethiopico, organisou um prestito, precedido de uma banda de musica e empunhando muitos cidadãos lanternas venezianas, e percorreu as principaes ruas da cidade, comprimentando, na passagem, em suas residencias, alguns cavalheiros que trabalharam na campanha abolicionista, entre estes os drs. José Brusque e Fernando Osorio, que proferiram discursos agradecendo a saudação do orador dos manifestantes.

Estes foram tambem á residencia da familia do finado vigario dr. Canabarro e levantaram muitos vivas, que foram ruidosamente correspondidos pelo povo.

Em frente ao paço da camara municipal pararam os manifestantes, tocando a banda de musica o hymno nacional.

Durante essa festa reinou sempre a melhor ordem."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 20 de Maio de 1891, pág. 02, col. 02