UM CRIME IMPUNE
Ha dois mezes, mais ou menos, no municipio de Caçapava, um moço, cujo nome não pudemos saber, porém que é neto da sra. Maria Antonia de Magalhães, centenaria, foi atacado, estando a cavallo, por um parente e dois capangas, que lhe fizeram uma descarga de tiros de pistola.
O moço, atilado, de grandes expedientes, conhecendo o perigo, atirou-se ao chão, como morto, apezar de não haver recebido um unico ferimento.
Os bandidos apearam-se a distancia, e um d'elles, aproximando-se do moço, examinou se elle estava realmente morto.
O exame constou de um grande lançasso sobre uma das côxas do fingido morto, que o supportou heroicamente.
Não deu o menor signal de vida.
O bandido, julgando-o assassinado devêras, foi ter com os companheiros, aos quaes scientificou do que havia feito.
Apenas vio-se fóra do alcance dos malvados, o pobre moço levantou-se, montou a cavallo e gritou para elles:
- Hei de mostrar a vocês como se mata um homem!
E cerrou perna no cavallo.
Os quatro malevolos ficaram estupefactos!"
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 27 de Maio de 1885, pág. 01, col. 05