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sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Exposição "Anistia: um passado presente?" no Mercado Central de Pelotas


Está acontecendo desde segunda-feira, 28 de Outubro, a exposição "Anistia: um passado presente?" na galeria principal do Mercado Público Central de Pelotas, no centro da cidade.

A iniciativa se deve à Escola de Humanidades da PUC-RS, ao Arquivo Público do Rio Grande do Sul e ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em Pelotas são também realizadores a Universidade Federal de Pelotas e o Instituto Mário Alves, tendo apoio cultural da Prefeitura Municipal.

A exposição traz fotografias, cartazes e banners explicativos ilustrados sobre este importante evento da história do País. Vale a pena a visita. É gratuita! A exposição vai até 11 de Novembro.



















Os Vampiros da Morte


"Pelotas se assusta com vampiros

Travestis negam que exista grupo pela contaminação

Rumores de que um grupo de 27 homossexuais e prostitutas, intitulado 'Vampiros da Morte', estaria disseminando propositalmente o vírus da AIDS abalaram a população de Pelotas (RS), na última semana. A denúncia, feita pelos psicólogos Afonso Langone e Nara Vieira, do Grupo de Apoio à Vida (GAV), ao Diário Popular, causou pânico na cidade e revolta nos travestis, transformando o que seria um caso de saúde numa turbulenta caça aos vampiros pela polícia.

No depoimento inicial, Langone diz que os vampiros agem de forma criminosa e organizada, contagiando seus parceiros, que depois seriam avisados através de cartas e bilhetes. Enquanto a imprensa publica que a polícia já descobriu 14 vampiros, os travestis e prostitutas de Pelotas negam a existência do grupo e se mostram indignados com a notícia.

'Não conhecemos os tais vampiros e, se a polícia tem os nomes, por que não os prende?', questiona a prostituta Eva Garcia Perez, 40 anos, ao jornal Zero Hora.

Numa entrevista à Rádio Cultura - uma das mais populares de Pelotas, - o travesti Patty Davis e o transformista Paulo desafiaram o GAV a apresentar o nome dos aidéticos suspeitos. Patty contou que os travestis vêm sofrendo agressões verbais e físicas, desde o surgimento do caso. 'Nós todas usamos preservativos e não contaminamos nossos clientes, que são, na maioria, homens casados', diz. Ela mora com outro travesti, conhecido como Cassandra, que á apontada como o líder dos vampiros. Cassandra negou que pertença ao grupo e que teria contaminado parceiros de programas.

A noticia da existência de portadores, que estariam transmitindo propositalmente o vírus, foi recebida com desconfiança por Luís Roberto Cruz, diretor do Grupo Pela Vida - entidade que oferece apoio aos portadores da doença, no Rio. 'Nunca encontramos um paciente que tivesse esse tipo de comportamento. É preciso ter cuidado quando se apontam prostitutas e homossexuais como culpados pela disseminação do vírus. Eles já são discriminados o suficiente pela sociedade, e uma denúncia dessas só reforça o preconceito', alerta.

Para Milton Quintino - coordenador da ARCA (Apoio Religioso Contra a AIDS), o caso dos vampiros  não surpreende. Há muito tempo convivemos com boatos de que existem infectantes voluntários; faz parte do folclore que cerca a doença. O fato é que nunca, dentro do nosso grupo de trabalho, ouvimos uma intenção declarada de nenhum portador do HIV nesse sentido'.

Bianca Deo"

Fonte: MANCHETE (Rio de Janeiro/RJ), edição 2155, 24 de Julho de 1993, pág. 94