Sobre as desordens n'aquella cidade contra a City Improvement, diz o Diario de Santos:
<<Espalharam-se hontem pela cidade uns impressos convidando o povo a reunir-se no largo da Coroação, com o fim de resistir pela força á regularisação das pennas de agoa.
<<Cerca das sete horas da noite foram-se formando varios grupos n'aquelle largo e dentro de pouco tempo era immenso o ajuntamento de povo. Não apparecendo, como da primeira vez, o autor do convite, o povo foi-se impacientando e os mais exaltados começaram a quebrar os combustores publicos do largo, foram depois ao escriptorio da City Improvement, quebraram os vidros das janellas e espalhando-se por todas as ruas da cidade continuaram na sua obra de destruição, não deixando intacto um unico combustor publico.
<<Na rua de Santo Antonio cercaram dois bonds que vinham da Barra, tiraram-lhe os animaes, que dispararam pela rua fóra, e escangalharam os carros, deitando-os depois ao mar, com mais 5 que foram buscar á estação.
<<Na praça Andrada a devastação foi enorme. As casas do sr. presidente da camara municipal e do sr. vereador Lima ficaram sem um vidro inteiro.
<<Um magote de povo foi á Barra, á casa do gerente da City, e não o tendo encontrado, arrombaram a porta, quebraram as vidraças, deram tiros e lançaram ao jardim todos os moveis.
<<As casas todas fecharam-se e a população está aterrorisada. A cidade está em trevas e percorrem as ruas magotes do povo gritando desesperadamente.
<<Á hora em que escrevemos nada mais podemos adiantar - pedindo mais uma vez ao publico que se acalme e que entre de novo no regimen da ordem, o unico digno de uma cidade civilisada como a nossa.
<<A policia, de que nos iamos esquecendo de fallar, nada fez; o limitado numero de que dispõe seria insufficiente para conter os revoltosos.
<<Ahi tem s.ex. o sr. dr. chefe de policia a razão dos nossos reiterados pedidos de praças para reforçar o destacamento d'esta cidade.>>
Do Rio de Janeiro seguio para aquella localidade uma força de linha de 32 praças sob o commando de um tenente e um alferes.
Parece que os animos já estão tranquilos."
Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 02 de Janeiro de 1885, pág. 02, col. 05