Está ocorrendo no Shopping Pelotas, em alusão à realização da edição 2019 da Fenadoce, uma exposição com vários vestidos das rainhas da festa de anos anteriores. A entrada é gratuita para esta exposição.
História, Genealogia, Opinião, Onomástica e Curiosidades.Capão do Leão/RS. Para informações ou colaborações com o blog: joaquimdias.1980@gmail.com
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sábado, 15 de junho de 2019
Histórico do Município de Tramandaí/RS
"A primeira estrada que levava ao extremo Sul do Brasil passava pelo nosso rio: Rio Tramandaí.
Não havia ponte, nem balsa. As pessoas passavam em canoas. O gado passava a nado. Os viajantes se abrigavam nos ranchinhos de palha às margens do rio, quando a violência das águas não permitiam a travessia.
Pelo rio Tramandaí passavam:
- padres jesuítas para catequizar índios;
- tropeiros que buscavam gado na região do Prata;
- militares para defender nossas terras;
- aventureiros interessados no contrabando de prata;
- povoadores.
Cama de Vento
Em 1920, data em que os pais de Milton chegaram em Tramandaí, a vila contava com cinco casas cobertas por telhas e diversas com palha de tiririca.
Mas já existiam pequenas pensões e hoteizinhos, dirigidos por famílias que se encarregavam, pessoalmente de receber e de servir os veranistas. O Hotel da Saúde, depois Parque Balneário foi o primeiro a hospedar banhistas na vila.
Os poucos chalés de veraneio significavam 'status' para os proprietários porque a maioria dos banhistas se acomodavam em hotéis. Os chalés de madeira, alguns avarandados, tinham mobiliários simples: cozinha, sala de jantar e quartos com cama de vento. Milton diz que havia muito barco e algumas cadeiras de madeira.
Lavadeiras da faxina
As mulheres dos pescadores, durante o veraneio, tornavam-se lavadeiras de roupas ou arrumadeiras de hotéis. Metidas em longos vestidos e chapelões de palha de abas dobradas. Arregaçavam as mangas até o cotovelo e rumavam cedo para a lagoa da Faxina, localizada aos fundos do Imbé, retornando ao final da tarde.
Meio truculentas, rosto queimado de sol, elas levavam um balaio cheio de roupas na cintura e os filhos pela mão. Traziam tachos, mesas de madeira e batedores de roupas para a Lagoa da Faxina (aterrada anos depois), além de um farnel com posta de peixe seco e farinha para o almoço.
Depois de levar as roupas de tecido de algodão na margem da lagoa, esfregavam-na bem nos estrados de madeira e ferviam alguns em tachos de cobre. As roupas dos veranistas secavam nas cercas de taquara das casas próximas e eram passadas com ferro de brasas. A noite entregavam a roupa perfeitamente engomada.
Fantasias do Mar
A vida social dos veranistas desenvolvia-se nos próprios hotéis, que contratavam orquestras para tocar polcas e valsas às refeições. À noite, após o jantar, os hóspedes 'brincavam e dançavam' até às 22 horas, quando era dado o toque de recolher.
Os hoteleiros e os hóspedes formavam 'grandes famílias' de até 50 pessoas nas temporadas, organizando a programação social com bailes e jogos de cartas. Obedecendo aos costumes da época, os donos de hotéis exigiam que os homens trajassem casacos nos salões, acompanhados de mulheres com saias de renda e babados.
No carnaval, promoviam bailes de fantasia, mais animados mas sem exageros. Alguns grupos de veranistas, coloriam os trajes de banho com papel crepon e entravam no mar, espalhando a fantasia nas águas. O banho da fantasia ocorreu pelos anos 40.
Região Açoriana
Por que o Litoral Norte denomina-se região Açoriana?
Em 1752 vieram casais das Ilhas dos Açores (Portugal) para estancieiros, estes não se preocupavam com agricultura. Os açorianos eram por natureza agricultores, por isso a sua vinda para o sul do país, foi muito importante.
Cultivavam feijão, milho, cevada, alpiste, aveia, ervilha e outros grãos.
Os Pescadores
Pescadores empobrecidos foram chegando de Santa Catarina, e ergueram seus ranchos, às margens do rio Tramandaí.
Viviam de pesca artesanal, somente pescavam na lagoa e no rio com canoas. Não saíam na barra para pescar no mar. Faziam lances de bagres. Esse peixe era salgado e colocado em varais de taquara para secar. Depois de seco, seguia em fardos, de carreta até Palmares. Dali seguia de vapor até Porto Alegre. Era também vendido nas colônias na costa da serra (Osório, Santo Antônio da Patrulha, Maquiné...).
Os pescadores, inicialmente, fixaram residência na Barra. Este é o bairro mais antigo da Tramandaí.
O Rio Tramandaí
O Rio Tramandaí é importante para o município e para a região pelas seguintes razões:
1 - Foi caminho primeiro para o povoamento do Rio Grande do Sul.
2 - Pela barra do Rio Tramandaí saiu Giuseppe Garibaldi com os lanchões Farroupilha e Seival, em 1939, na Revolução Farroupilha.
3 - Às suas margens formam-se o povoado de pescadores, raízes do nosso município.
A Primeira Capela de Tramandaí
A primeira Capela, em Tramandaí, foi constituída em 1908, no local onde temos, atualmente, o Monumento do Pescador, no cruzamento das Avenidas Emancipação e da Igeja. Deve-se esta construção ao Sr. Comendador Militão Borges de Almeida, homem abastado, muito religioso e que veraneava aqui...
Quano a capelinha foi demolida, em 1954, a cruz de pedra foi levada para o atual cemitério da cidade, colocada sobre um túmulo onde se encontram os restos mortais exumados de uma antigo cemitério que ficava em área próxima ao atual.
Até a década de 40, era o único local religioso do Município. Os veranistas ocorriam à Capelinha que, por ser muito pequena, rapidamente ficava lotada e, então por suas portas, estendia-se para fora, verdadeira multidão que assistia a missa na rua.
Os Alemães
Em 1824, inicia-se a colonização alemã no Rio Grande do Sul. E por volta desta época que eles vêm até o Litoral. No entanto, levou algum tempo para que eles se radicassem em Tramandaí. Com seus costumes, estabeleceram-se com atividades, principalmente, de Hotelaria e Comércio de Material de Construção.
Algumas famílias de origem alemã influenciariam na formação do Município como o Sr. Otto Müller procedente de São Leopoldo com o ramo de Material de Construção e o Sr. Arno Konrath procedente de Sapiranga com o ramo de hotelaria.
Tramandaí desperta como Balneário
No final do século passado (1880-1900) Tramandaí passa a ser procurado por veranistas. Os banhos de mar eram considerados tratamento de saúde. Nessa época surgiram ddois hotéis: Hotel da Saúde e Hotel Sperb.
O Hotel da Saúde situava-se onde hoje está o prédio da Câmara de Vereadores de Tramandaí, Sala Açoriana.
O Hotel Sperb está até hoje na Avenida Emancipação esquina Jorge Sperb.
Primeiramente os veranistas viajavam de carreta para Tramandaí, puxada a bois e levavam de 7 a 8 dias de viagem com pernoites pelo caminho. Mais tarde viajavam em diligências puxadas por cavalos e levaram quase dois dias.
Em 1920 apareceram os primeiros automóveis ônibus.
Economia
Por volta de 1890-1900, quando o número de habitantes era de 40-50 famílias, a economia de Tramandaí baseava-se na pesca artesanal.
A partir da pesca vai-se desenvolver o comércio. A princípio, um comércio, exclusivamente, de compra e venda do peixe e seus derivados.
No início do século, quando o povoado começa a ser procurado como balneário, a economia passa a girar, também, em torno do turismo.
O trabalho artesanal feito, muitas vezes, por mulheres suprindo suas necessidades cotidianas, através do turismo, vai influir na economia da região.
A partir da 2a. metade do século, um novo impulso é dado na economia da Região, através da construção civil."
Fonte: ATLÂNTICO (RS), 12 de Outubro de 1998, pág. 06