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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Tito Livio Zambeccari


"Tito Livio Zambeccari, nasceu em Bolonha na Itália a 03 de junho de 1802, filho de uma família da nobreza local. Como o pai, demonstrou interesse por estudos científicos e naturalistas. Aos dezenove anos filiou-se às 'lojas conspiradoras', de cunho liberal, possivelmente aos carbonários que pretendiam libertar a Itália, logo em seguida foi obrigado a fugir para a Espanha, em 1821, com sentença de morte anunciada.

Em 1826, Zambeccari comprou passagem para a América do Sul e desembarcou em Montevidéu, região conflagrada pela Guerra da Cisplatina. Ali, apresentou-se aos uruguaios, que lutavam pela independência e contra o Império do Brasil. Em 1829, em Buenos Aires, Zambeccari aliou-se aos unitaristas portenhos (contrários a Rosas e, junto com os italianos que ali residiam, formou uma legião, da qual fora escolhido para ser o comandante, convite que declinou).

Após a derrota de sua facção e ascensão do ditador Rosas, Zambeccari embarcou para o Rio Grande do Sul, onde tinha amigos que conhecera no período da Guerra da Cisplatina. No ano de 1831, Zambeccari estava prestando seus serviços científicos à Província de São Pedro do Rio Grande, onde esboçou o mapa mais antigo de Porto Alegre, possivelmente datado de 1833. Relacionou mais de 1.621 espécies botânicas de seu herbário, provenientes das Missões.

Tornou-se amigo e assessor daqueles que viriam a ser os líderes da Revolução Farroupilha: Bento Gonçalves, Onofre Pires e Domingos José de Almeida. Segundo relato de seus contemporâneos, 'Bento Gonçalves, Onofre Pires e José Calvet é que tratavam dos negócios da República Rio-Grandense, sendo Zambeccari a primeira cabeça que planejara a marcha que se deveria seguir mais tarde'.

Zambeccari foi chefe do Estado Maior do Exército Farroupilha, que muito batalhou pela implantação da república desde o início do movimento, e que muito influiu com suas ideias em todo o movimento, influenciou os manifestos assinados por Bento Gonçalves. Assim, também, a bandeira da República Rio-Grandense teria sido idealizada por Zambeccari, antes mesmo do início da revolução. Ao rebentar o conflito, tornou-se secretário e chefe do estado-maior do general Bento Gonçalves. Com ele foi preso na batalha de Fanfa, em 04 de outubro de 1836, e enviado à Presiganga, navio-prisão ancorado no rio Guaíba, para depois ser transferido para a Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Na prisão teve sua saúde debilitada, entretanto manteve seus estudos. Acabou deportado, em 1839, após três anos de prisão. Partiu para a Europa e tentou chegar aos seu país, mas se viu barrado pela nova ordem de prisão. Dois anos depois, conseguiu autorização para retornar a Bolonha, entretanto, vigiado pelo governo papal.

Participou dos movimentos de 1848, libertando Módena, tendo sob a sua liderança 1500 homens. Também tomou parte na expedição de Giuseppe Garibaldi e de seus camisas vermelhas, que conquistaram o reino das Duas Sicílias. Esta foi a sua última participação na vida política, veio a falecer em 02 de dezembro de 1862.

Participou da Tomada de Laguna, sendo nomeado secretário de Estado da República Juliana. Nesse cargo enfrentou uma série de dificuldades em seus quatro meses de existência, entre problemas econômicos e políticos, além dos militares, com falta de pessoal e recursos."

Fonte: PRAXEDES, Terson. Os estrangeiros na Revolução Farroupilha. In: MOVIMENTO TRADICIONALISTA GAÚCHO. Farroupilhas: ideais, cidadania, revolução. Porto Alegre/RS: Corag, 2010, pág. 102-103.