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sábado, 31 de agosto de 2019

Colônia Conde D'Eu em 1883


"Conde d'Eu

Fundada como a D. Isabel pelos poderes provinciaes na mesma data e tambem á margem da estrada de S. João de Monte Negro, foi transferida ao Estado em 1876 e no anno immediato annexada á colonia de Santa Maria da Soledade. A área total da colonia com o territorio annexado é de 43.663 hectares, offerecendo o sólo e o clima condições em tudo identicas ás que têm concorrido para a prosperidade da colonia D. Isabel.

A população se compunha em 1883 de 6.306 individuos, sendo:

Italianos..... 3.337
Brazileiros..... 1.556
Austriacos..... 825
Allemães..... 404
Suissos..... 142
Francezes..... 56
Hespanhoes..... 9
Inglezes..... 4
Argentinos..... 3

A produção colonial foi em 1883 a seguinte:

Trigo..... 1.355.000 litros
Centeio..... 1.428.400 litros
Feijão..... 1.608.600 litros
Milho..... 3.556.400 litros
Arroz..... 41.200 litros
Cevada..... 27.000 litros
Vinho..... 2.759.600 litros

Esta, porém, não foi a producção total da colonia, pois muitos productos não poderam ser classificados (inclusive todos os de uma linha), como sejam amendoim, canna de assucar, linho, aveia, seda, favas e batatas.

Existem na séde da colonia nove casas de commercio, duas fabricas de cerveja, uma olaria, duas padarias, tres alfaiatarias, uma sapataria, uma ferraria, uma marcenaria e um hotel: uma casa de pedra e duas de madeira pertencentes ao Estado, cemiterio, e 64 casas particulares, das quaes 11 de pedra e 53 de madeira.

Nas diversaas linhas existem 21 moinhos e 6 serrarias movidas por agua, varias igrejas de pedra e madeira e 1.231 casas particulares, das quaes 64 de pedra e 1.167 de madeira."



Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 01-02



sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Colônia Caxias em 1882


"Caxias

Fundada em 1875, demora esta colonia no municipio de S. Sebastião do Cahy, sendo cortada a área por diversos cursos d'agua. Conta tres portos de embarque: S. Sebastião, S. João do Monte Negro e S. Leopoldo, e para mercados a villa de S. Francisco de Paula de Cima da Serra, a de Vaccaria, a de S. Sebastião do Cahy, e d'ali por navegação fluvial, a cidade de Porto Alegre.

Possue a colonia tres sédes: a do campo dos Bugres, a mais antiga, com 400 casas, pequena igreja de madeira e outra de pedra e tijolo, em construcção por conta de donativos; - Nova Trento, bastante espaçosa, com 16 ruas, uma igreja construida e outra em construcção.

A producção em 1882 foi a seguinte:

Milho..... 40.000 saccos
Farinha de trigo..... 20.000 saccos
Farinha de centeio..... 10.000 saccos
Cevada..... 1.000 saccos
Feijão..... 20.000 saccos
Vinho..... 5.000 pipas
Linho..... 3.000 kilogramas

Os colonos se dedicam muito á plantação de amoreira para a criação do bicho de seda, de cuja industria esperam brilhantes resultados.

Na colonia existiam em 1882 os seguintes estabelecimentos commerciaes e industriaes:

Casas de negocio..... 96
Sapatarias..... 8
Officinas de funileiro..... 3
Moinhos a vapor..... 9
Ferrarias..... 8
Padarias..... 8
Tanoarias..... 3
Fabricas de charutos..... 4
Fabricas de chapéos..... 2
Marcenarias..... 3
Cortumes..... 3
Açougues..... 4
Distillações..... 5
Fabrica de cerveja..... 1
Fabrica de sabão..... 1
Fabrica de oleo de linhaça..... 2
Relojoaria..... 1
Olarias..... 3
Hoteis..... 2

Consta da matricula existirem na colonia 11.590 habitantes (em 1882), presumindo-se da verificação da mesma matricula ser maior a população.

A viação externa é servida pelas estradas Visconde do Rio Branco e Conselheiro Dantas.

Esta começa na séde e dirige-se aos campos de cima da Serra até a villa de S. Francisco de Paula: tem o percurso de 27 km 600 m, com a largura média 5 metros, sendo de 6% a maxima declividade e de 35 metros o raio minimo das curvas. Conta tres pontilhões, duas pontes com encontros de alvenaria de pedra secca e 69 boeiros de diversas dimensões.

Aquella, denominada Visconde do Rio Branco, encaminha-se da séde principal para a villa de S. Sebastião do Cahy, com a extensão total de 67 km 300 m, e largura de seis metros e o maximo declive de 7%. Conta duas pontes: uma de 70 metros sobre o rio Pinhal e outra de 34 metros sobre o rio Ouro, além de pontilhões e boeiros.

É de esperar que no presente anno a producção dessas tres colonias tenha um augmento consideravel, devido á introducção de novos braços."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 02

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Colônia Santa Leopoldina em 1883


"COLONIA SANTA LEOPOLDINA. - Fundada em 1857 na provincia do Espirito Santo, com 147 suissos, só abrangia a esse tempo a colonia o perimetro agora occupado pelo nucleo denominado Leopoldina.

O extraordinario augmento da população, hoje formada por 11.000 almas determinou a creação dos nucleos Timbuhy e Santa Cruz.

O nucleo de Santa Leopoldina é habitado por allemães, hollandezes, polacos e francezes, e os dous outros por italianos e tiroleses.

Abrange toda a colonia a área de 70.619 hectares dividida em cerca de 3.000 lotes, e acha-se dotada de viação regular, tendo a principal séde no porto da Cachoeira, á margem do rio Santa Maria e a 52 kilometros do porto da Victoria, pelo qual se effectua a exportação.

A séde do nucleo do Timbuhy dista 62 kilometros do referido porto o nucleo de Santa Cruz exporta os seus productos pela villa da mesma denominação, onde tocam duas vezes por mez, os vapores da companhia Espírito Santo e Caravellas.

Circumvizinhos da colonia, até ás margens do Rio Doce e dos seus tributarios, demoram feracissimos terrenos devolutos, cobertos por matta virgem."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 02-03

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Os índios de Campo Novo


"Colonisação indigena

O Monitor Serrano, da Cruz Alta, publicou um excellente artigo sobre importante assumpto, que tanto interessa á provincia do Rio Grande do Sul.

O governo não deve olhar com indifferença para tão palpitante necessidade, e, com vista ás autoridades superiores, transcrevemos aqui alguns topicos da folha cruz-altense:

<<Só com a nossa população indigena que vive nos centros no estado selvagem, poderiamos organisar grandes centros coloniaes, catechisando-os, e assim aproveitariamos muitos milhares de homens fortes e aptos para auxiliarem o desenvolvimento material do paiz.

<<Temos aqui no Campo Novo uma tribu de indios semi-civilisados, composta de 300 almas, mais ou menos, e entre estas 60 a 80 creanças, que desejam receber o baptismo e instrucção primaria.

<<São de natureza morigerada; prestaram serviços na guerra contra o governo do Paraguay e ultimamente enviaram um destacamento composto de 10 homens a Santo Christo, quando tiveram noticia de que uma tribu selvagem ameaçava os habitantes d'essa localidade, com o fim de defender e proteger os ditos habitantes.

O chefe ou cacique d'essa tribu, o major Fongue, é, segundo affirmam, homem de mais de 200 annos; e inhabilitado pela decrepitude em que se acha, passou a chefança a seu filho mais velho, que tem a patente de capitão; assim como os dois immediatos: um tenente e outro alferes.

<<Por pessoa que têm estado entre elles, sabemos do que deixamos dito, e nos affirmam que se o governo promover os meios necessarios para fundar uma colonia entre Inhacorá e Uruguay, nomeando-lhe um director prudente e recto, que os guie e discipline, assim como ferramenta agricola, sementes, etc., é de presumir que, com o decorrer do tempo, o exemplo e o trabalho, tenhamos n'esse lugar uma colonia importante, bem situada, e que attraia a si grande quantidade de selvagens que vagam por essas mattas, e dos quaes tão bons resultados póde tirar o paiz, utilisando-os.

<<Pedimos ao governo da provincia que tome em consideração a nossa narração a esse respeito e que mande pessoa competente ao lugar indicado informar-se da veracidade do que temos exposto.>>"

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 29 de Agosto de 1884, pág. 02, col. 01

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Sobrenome Jerez


"Uma das mais importantes casas fidalgas da história espanhola, conforme os irmãos Arturo e Alberto García Carraffa.

Uma das principais linhagens procede de Santillán, nas Astúrias, pois um de seus cavaleiros adotou a alcunha após ter participado da tomada da cidade de Jerez de la Frontera, inaugurando portanto sua dinastia aristocrática. 

Outra família Jerez importante, em tempos muitos antigos, se verificou na cidade de San Sebastián, que deriva de um primitivo solar que existiu na vila de Pasajes, na província de Guipúzcoa. Este casa obteve executórias de fidalguia no século XVI.

Dignas de nota também são os ramais do sobrenome na Andaluzia e Extremadura, bem nas províncias castelhanas de Ávila e Segóvia.

Etimologicamente, 'jerez' procede do termo árabe 'sherichs' que significa 'cidade'."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Izquierdo


"O sobrenome Izquierdo é tão antigo que é impossível identificar com certeza suas origens autênticas. Uma lenda espanhola atribui que o primitivo portador desta alcunha foi um romano ilustre que, na Antiguidade Tardia, fundou a cidade de Mucio. Conforme o relato lendário, os descendentes deste cavaleiro romano vieram a se estender por toda a Península, principalmente por Aragão, Montanhas de Burgos, Castela-a-Velha, León e La Rioja.

O historiador Zazo y Rosillo em sua obra 'Nobiliário', escreve que Dom Diego de Guipúzcoa, que participou da Batalha de Ourique, no ano de 1139, contra os mouros, foi fundador do solar de Izquierdo no antigo vale de Valdajos, próximo à vila de Sedano, que atualmente pertence à província de Burgos. Seus descendentes passaram, em tempos antigos, ao Reino de Aragão, fundando novas casas em Alcolea de Cinca, na província de Huesca, e em Cariñena, na província de Zaragoza. Sabe-se que destes dois primitivos solares, houve um número considerável de cavaleiros e escudeiros que passaram a diversas regiões da península, posteriormente.

Da casa Izquierdo que houve na via de Torralva, na antiga comunidade de Calatayud, descende Frei Juan Izquierdo - importante religioso espanhol do século XVI.

Etimologicamente, o vocábulo castelhano 'izquierdo' significa 'esquerdo, canhoto'.

Outra importante casa de Izquierdo é contada em Múrcia, em séculos posteriores."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Gaya


"Antigo sobrenome encontrado em famílias de Aragão, Catalunha e Navarra, podendo ser uma forma derivada do nome arcaico Gay (comum às áreas das línguas catalã e aragonesa), ou uma forma abreviada do antigo nome masculino Gayán ou Gayón (encontrado em Navarra e Aragão).

Os García Carraffa apontam que o sobrenome Gaya teve seu primitivo rancho na Ilha de Sardenha, e que a família assentada teve como membro de destaque Pedro Francisco Gaya Cavitchudo, sardo. Pedro Francisco obteve Real Cédula concedida pelo rei Felipe IV, em 1643, que o elevou à condição de cavaleiro do Reino da Espanha. Pelo titulo, Pedro Francisco adquiriu o senhorio da cidade de Saller. 

Todavia, alguns autores reconhecem que famílias com esse sobrenome são percebidas em épocas anteriores entre os fidalgos tanto do antigo Principado da Catalunha, quanto no Reino de Valência, ainda no fim da Idade Média.

Em Aragão, Francisco Gaya tomou posse do magistério da capela da Catedral de Albarracín, na província de Teruel, em 1790, tendo passado a Granada em 1797.

O mais antigo registro de uma pessoa com esse sobrenome é encontrado em 1350, quando se cita um escudeiro de nome Johan de Gaya, que serviu nas Cortes do rei Afonso IV de Portugal, tendo se destacado como trovador burlesco e de cantigas de amor.

Etimologicamente, Gaya pode ser uma derivação do nome latino Gaius, ou ainda do termo germânico gai que significa alegre, vivaz, animado. Também pode ser uma forma curta derivada do nome latino Galianus.

Há concentrações históricas importantes do sobrenome também em Mallorca e Alicante."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Ferrer


"Segundo alguns autores, os Ferrer mais antigos que se tem notícia na Espanha foram cavaleiros que vieram da Inglaterra com o propósito de combateram nos esforços da Reconquista. Outros autores afirmam que os Ferrer espanhóis procedem da Itália, de alguns membros da família nobre Acciavoli, que primeiro se chamaram Ferrero e depois Ferrer. Contudo, alguns outros consideram que o sobrenome tão somente seja a palavra catalã-aragonesa para 'ferreiro'.

Em Aragão, de acordo com o tratadista Bizén d'O Río Martínez, os Ferrer tiveram vários solares, porém representando linhagens distintas entre si. Uma delas, mais antiga, se radicou na vila de Caspe, e deu origem aos ramais de Castejón de Monegros, Caspe, Alcañiz, La Almolda e Zaragoza. Na própria vila de Alcañiz, existiu uma casa dos Ferrer, distinta da de Caspe, que teve também vários ramais na região. Outra casa solar antiga existiu em Piedrafita de Jaca - de onde saiu ramais que se instalaram nas vilas de Pueyo de Jaca, Búbal, Broto, Castejón de Sobrarbe, Monzón, San Esteban de Litera, Alfántega, Tamarite, Binaced e Belver de Cinca.

Também houve as casas solares de Ferrer de Alaiz, na vila de Belver de Cinca, e Ferrer de Bardají, na cidade de Monzon.

Outra importante linhagem dos Ferrer é verificada em Alicante."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Ejarque


"Antiga linhagem aragonesa de ricos-homens.

Mosén Jaime Febrer, em suas 'Trovas', afirma que quando houve a Reconquista de Teruel junto aos mouros, veio da França o cavaleiro Pedro de Eixarc, que combateu sob a bandeira do rei Afonso, o Casto, de Aragão, em 1171. Tendo se destacado na empreitada, Eixarc recebeu terras em Teruel e ali ergueu um solar, inaugurando sua própria linhagem fidalga na Península Ibérica. A linhagem prosperou no lugar e ora com o nome de família sendo grafado como Exarch ou Ejarque, logo em seguida, houve novos solares da parentela na região, um na vila de Albarracín, outro em Alcañiz. Mais tarde, um ramal passou a Valência, onde o sobrenome era escrito como Exarque, e por fim, Ejarque. Os Ejarque de Valência posteriormente alcançaram o título do Marqueses de Benavites.

Ejarque procede do adjetivo 'exarca' - nome que se dava aos antigos governadores do Império Bizantino na África e na Itália. A partir do século VI, o termo foi empregado genericamente aos magistrados com poderes militares e civis na Itália.

A forma Eixarch é típica da Catalunha."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Sobrenome Cuéllar


"Antigo sobrenome castelhano, originário da vila de Cuéllar, sede do distrito judicial de mesmo nome, na província de Segóvia. É um toponímico.

Em Aragão, se tem notícias de pessoas com este nome de família na cidade de Zaragoza, com escudo de armas próprios, denotando por isso uma linhagem distinta, desde o ano de 1758, quando Juan de Cuéllar provou a condição de Infanção perante a Real Audiência de Aragão. A esta mesma casa pertenceram os irmãos Joaquín e Juan Cuéllar, importantes personalidades de Zaragoza no século XIX.

Outro solar importante dos Cuéllar existiu na província de Huesca, na vila de Urles. Deste ramal foi natural o monge beneditino Marcos Benito Cuéllar, doutor em Teologia pela Universidade de Zaragoza, e que obteve cátedras em Filosofia e Teologia. Foi vigário e visitador da Ordem de San Juan de la Peña.

Etimologicamente, Cuéllar provém, segundo Roberto Faure, do latim cochlear, que significa 'colher', portanto por extensão 'lugar côncavo', 'bacia'."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.


Sobrenome Dolz


"Segundo os genealogistas e heraldistas García Carraffa, o sobrenome Dolz é documentado em Aragão com bastante antiguidade, com duas importantes casas solares, uma na vila de Allepuz, outra em Teruel. Sabe-se que destes dois primitivos solares surgiram ramais que passaram a Málaga, Cerdeña, Valência, Madrid e La Habana.

Já o tratadista Bizén d'O Río Martínez também cita casas solares com este sobrenome nas localidades de Albarracín, Cedrillas, Castellar e Montalbán.

Da linhagem de Albarracín, foram cavaleiros infanções Pedro Jerónimo Dolz Arnal e Juan Casimiro Dolz de Espejo, conforme o Arquivo Genealógico-Nobiliário de Zaragoza.

A origem etimológica do sobrenome é metanímica, pois o vocábulo 'dolz' é encontrado em alguns falares do leste da Espanha e significa 'doce, dócil, suave'. Provém do latim 'dulcis', conforme os estudos de Gutierre Tibón.

Vale ressaltar que Dolz também é um sobrenome alemão, porém com origem etimológica completamente distinta e sem relação nenhuma com as famílias ibéricas."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Bueno


"Há inúmeras casas solares em toda a Espanha com este sobrenome, dado ser um adjetivo que significa 'bom' - epíteto oferecido a alguém que se destacou justamente por suas qualidades morais ou mesmo militares.

Uma das mais antigas casas, entretanto, que se tem notícia com este nome de família se encontra historicamente na localidade de Montañas de Jaca, na província de Huesca. Os membros desta linhagem foram continuamente Infanções do reino de Aragão, através dos tempos. Deste ramal se destacaram Juan Bueno, residente em Acumer, no distrito judicial de Jaca, que adquiriu a fidalguia em 1582. Também da mesma parentela, houve Mosén Juan Bueno, deputado dos cavaleiros de Aragão em 1576.

Segundo o antigo cronista ibérico Hita, vários membros da família Bueno da linhagem aragonesa, participaram ativamente da conquista de Valência no século XIII, como vassalos do rei Jaime I de Aragão.

Outro destacado membro da família foi o Frei Pablo Beuno, religioso da Ordem dos Trinitários Descalços, que foi, no século XVII, ministro conventual de Mallorca, Xátiva e, por último, de Valência. Também deixou inúmeras obras religiosas importantes.

Além dos Bueno de Jaca, em Aragão houve ainda importantes linhagens em Zaragoza, Gallur e Huesca.

O sobrenome Bueno é relativamente abundante na América Latina, principalmente Chile, Honduras, Colômbia e Venezuela."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Buisán


"Antigo sobrenome de origem aragonesa, sendo diretamente relacionado à localidade de Buisán, ao pé dos Pirineus, na província de Huesca.

Os primeiros ramais deste nome de família passaram a várias localidades das províncias aragonesas de Huesca e Zaragoza, passando mais tarde a Navarra, País Basco, Catalunha, Castela, Levante e Andaluzia.

As linhagens castelhanas tiveram uma antiga casa solar na cidade de Segóvia, desde meados do século XVI, da qual fizeram parte os cavaleiros Juan, Bautista, Bernardino, Antonio e Alonso de Buisán Basurto, que adquiriram em conjunto Real Provisão de Fidalguia perante a Chancelaria de Valladolid, em 1573.

Também adquiriu fidalguia junto a mesma chancelaria, o cavaleiro segoviano Mariano de Buisán, pertencente a outra vertente da família.

Já no século XX, temos Mario Buisán Bernad, natural de Zaragoza, nascido em 1927, que foi doutor em Direito, Secretário do Supremo Tribunal da Espanha e condecorado com a Cruz de primeira classe da Ordem de San Raimundo de Peñafort.

Os Buisán também formaram uma família de destaque na Colômbia."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Cabello


"Sobrenome metanímico que remete diretamente ao fato de alguém ser cabeludo ou se destacar por seu cabelo. Ironicamente, a própria Onomástica reconhece que a alcunha possa também ter sido atribuída a pessoas calvas.

O mais antigo solar historicamente detectado deste sobrenome se encontra na vila de Espinosa de los Monteros, na província de Burgos. Vários membros desta linhagem se destacaram no serviço de vários reis da península, especialmente na conquista da Andaluzia. Ramais deste solar se estenderam posteriormente às províncias de Santander, Valladolid, Salamanca, Madrid e outras.

Outro solar importante existiu nas montanhas do antigo reino de León. Aparentemente não é originário da mesma linhagem de Espinosa de los Monteros, porém posterior. Deste solar, houve ramificações importantes na província de Córdoba, principalmente nos povoados de La Rambla e Fernán Núñez. 

Também em Zaragoza, houve uma linhagem aragonesa distinta com este sobrenome.

Sem determinar-se sua origem topográfica, sabe-se que houve uma família Cabello que se destacou no serviço da Marinha Espanhola na época da colonização latino-americana."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

domingo, 25 de agosto de 2019

Histórico do Município de Nova Bassano/RS


"O município de Nova Bassano, denominou-se primeiramente, Bassano Del Grappa, em homenagem aos imigrantes italianos oriundos de Bassano-Norte da Itália-Província de Vicenza.

O povoado surgiu em 1891, com a colonização italiana em terras do estado. Até aquela data a região era habitada pelos índios Coroados que aos poucos foram se afastando do local. Os primeiros desbravadores, imigrantes, eram todos italianos, constituindo um grupo de 30 famílias. Antes de chegarem ao local, permaneceram uma temporada em Veranópolis. Após acamparem em um barracão construído a mando do governador, construído junto ao Arroio Santo Atanásio. Permaneceram ali, um ano, até que suas moradias fossem levantadas no local da atual cidade. Cada família recebeu 302.500 m2 de terras. Na época o loteamento pertencia ao município de Lagoa Vermelha. Em 15 de janeiro de 1898, Alfredo Chaves, hoje Veranópolis e Nova Bassano ficava como seu 2o. Distrito. Com o desenvolvimento do então distrito, foi criada uma comissão solicitando sua independência politica. Assim, em 23 de maio de 1964, pela Lei no 4.730, assinada pelo Governador Dr. Ildo Meneghetti, Nova Bassano passou a existir como município. A primeira eleição municipal foi realizada em 10 de janeiro de 1965, sendo escolhido o 1o. prefeito, o Sr. Felisberto Antonio Dalla Costa.

(...)

Atualmente a indústria metalúrgica é a maior geradora do desenvolvimento sócio-econômico de Nova Bassano. Na agroindústria há grandes plantações de hortigranjeiros, destacando-se a cultura do tomate, por isso é considerada a Capital do tomate.

O setor comercial da cidade possui um plantel diversificado de estabelecimentos."

Fonte: ATLÂNTICO (RS), 16 de Novembro de 1998, pág. 07


sábado, 24 de agosto de 2019

Colônia Dona Isabel em 1883


"D. Isabel

Esta colonia fundada pelo governo provincial em 1870 e transferida ao dominio do Estado em 1876, demora á margem da estrada que se dirige de S. João do Monte Negro para os preconisados campos da Vaccaria. É dividida em dous territorios com a área total de 43.663 hectares. O sólo é em geral montanhoso, sendo variavel de 700 a 900 metros a altitude acima do nivel do mar, e muito fertil. O clima é excellente e excepcionaos as condições de salubridade. É banhada por numerosos cursos d'agua e tem por principaes centros de permuta S. João de Monte Negro e S. Sebastião do Cahy.

Sua população era em 1883 composta de

Italianos..... 6.495
Brazileiros..... 1.040
Austriacos..... 800
Francezes..... 2
Portuguez..... 1
Hungaro..... 1

Total 8.339

A producção foi em 1883 a seguinte:

Trigo..... 1.444.800 litros
Centeio..... 1.384.000 litros
Feijão..... 1.736.400 litros
Milho..... 3.017.000 litros
Arroz..... 44.000 litros
Cevada..... 374.800 litros
Vinho..... 4.936.000 litros

além de muitos outros productos que não poderam ser classificados, como tabaco, amendoim, favas, aveia, linho, cana de assucar, batatas, e seda cuja industria se está desenvolvendo de uma maneira lisongeira.

Existem na séde da colonia e em varias linhas fabricas de farinha de trigo, de cerveja, licôres e vinhos, de fiação e tecelagem de linho e seda, ferrarias, carpintarias, marcenerias, alfaiatarias, sapatarias, pharmacias, hoteis, etc.

Na séde existem duas casas de pedra e duas de madeira, pertencentes ao Estado, igreja construida de pedra, cemiterio, escolas, 53 casas particulares, das quaes 36 de madeira, 12 de pedra e cinco de tijolo. Nas diversas linhas existem varias igrejas, escolas e 1.693 casas, das quaes 1.426 de madeira, 150 de pedra, e 27 de tijolo, achando-se outras em construcção.

Ha boas estradas, que ligam a colonia com as povoações de S. João de Montenegro e S. Sebastião do Cahy e com a colonia Conde d'Eu."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 006, out. 1884, pág. 05, col. 01



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Pioneirismo no sistema de frigorificação?


"Lê-se no expediente do ministerio da agricultura:

<< Conceição & C., José Maria Monteiro Filho e João Luiz Gomes de Mello, negociantes estabelecidos na cidade de Pelotas, pedindo privilegio para introduzir no imperio o systema frigorifico, afim de conservar a carne verde em perfeito estado; e igualmente autorisação para a encorporação de uma companhia destinada ao mesmo fim. - Indeferido quanto no privilegio requerido; quanto á organisação da companhia, se esta tem por objecto o commercio de carnes verdes, os supplicantes apresentem os estatutos á approvação do governo imperial, nos termos da lei em vigor >>."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 07 de Agosto de 1884, pág. 02, col. 02

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Sobrenome Tricas


"Singular e pouco difundido sobrenome de origem aragonesa que encontra-se distribuído principalmente nas províncias de Huesca, Barcelona e Zaragoza, mas também com ocorrências nas províncias de Madrid, Castellón, Lleida e Álava.

O sobrenome está diretamente associado à aldeia de Tricas, no município de Albella y Jánovas, no distrito de Boltaña, na província de Huesca. Portanto, um toponímico.

Segundo Bizén d'O Río Martínez, o primitivo núcleo familiar de Tricas teve uma casa solar muito antiga na vila de Nueno, na província de Huesca. Mais tarde seus ramais passaram a Huesca, Zaragoza e outras localidades aragonesas.

Também é encontrado na Espanha atual a forma Tricás."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Artigas


"Antigo sobrenome que teve ramais importantes, ora grafado como Artigas, ora como Artiga, em duas zonas geográficas distintas: uma no eixo Catalunha-Valência, outra no eixo País Basco-Navarra. Apesar disso, atualmente os sobrenomes Artigas e Artiga são verificados sobretudo em Aragão e Catalunha.

Os sobrenomes Artigas e Artiga são percebidos primeiramente no Principado da Catalunha em meados do século XVI, segundo dados documentais do Censo de 1553.

Os Artiga bascos, por seu turno, tiveram ramais principais nas províncias de Guipúzcoa e Navarra, com um solar conhecido na vila de Cestona ou Zestona. Houve também solares importantes nos municípios de Ernani e Irún, na mesma região.

Em Aragão, exatamente na cidade de Huesca se documenta Dom Francisco Artiga, citado como pintor por Dom Francisco Zapater y Gómez em sua obra 'Apontamentos Histórico-Biográficos sobre a Escola Aragonesa de Pintura', publicada em 1863. Francisco Artiga viveu no século XVII, tendo participado dos trabalhos de gravação da fachada da Universidade de Huesca.

A origem etimológica de Artigas remete ao período prérromano, sendo um vocábulo encontrado nas línguas aragonesa, catalã e occitana, e significa "terra artigada', isto é, arada, semeada. Existem vários topônimos na zona dos Pirineus com Artigas ou Artiga.

Uma importante família Artigas existiu em Zaragoza, tendo participado ativamente da colonização espanhola na América do Sul e em Cuba."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Villarroya


"Sobrenome de origem aragonesa, que tem origem em vários lugares que existiram com esse nome na época do antigo Reino de Aragão.

Em meados do século XVIII, houve o historiador e jurisconsulto José Villarroya, que estudou na Universidade de Valência, distinguindo-se no exercício da advocacia. Foi alcaide honorário da casa e corte da Academia de San Carlos. Publicou várias obras na área do Direito.

Também valenciano foi o escritor Tomás Villaroya. Colaborador do 'El Liceo Valenciano' entre os anos de 1841 e 1843, se notabilizou por sua poesias na língua valenciana, tendo como destaque seu poema 'Cançó'.

No Arquivo Geral Militar de Segóvia contam inúmeros expedientes militares com portadores deste sobrenome, dentre eles podem realçar os seguintes: Joaquín Villaroya, Comissário de Guerra, 1795; José Villaroya, Cavalaria, 1816, nobre; Joaquín Villaroya Matesta, Cavalaria, 1816, nobre."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Ureta


"Conforme os estudos dos genealogistas García Carraffa, o primitivo solar desta linhagem de origem navarra, foi o Palácio de Ureta, também conhecido como Casa de Uratorana ou Uraterena, que existiu na vila de Eneriz, no distrito judicial de Pamplona, com ramais em Obanos a partir de 1711.

Um ramal desta casa-palácio se estabeleceu na localidade de Zariquiagui, no ajuntamento de Zizur e distrito judicial de Pamplona. Outro ramal residiu na localidade de Llanteno, no distrito de Amurrio, província de Alava.

Existiu ainda uma casa na vila de Irún, na província de Guipúzcoa, bem como outra se assentou na vila de Gordejuela, no distrito judicial de Valmaseda, província de Guipúzcoa. Também em Burgos houve uma linhagem importante dos Ureta, linhagem esta que desempenhou papel importante na colonização do Peru, México e Chile.

Na Espanha, diferentes cavaleiros deste sobrenome obtiveram a condição de nobreza junto à Ordem de Calatrava (1785), à Real Chancelaria de Valladolid (1571, 1606, 1754, 1759, 1817, 1818 e 1828) e à Real Companhia de Guardas-Marinhas (1770, 1775).

Etimologicamente, Ureta é de origem basca e significa 'água do mar', 'enseada marítima'. Em Bilbao, há o monte Ureta (Uretamendi)."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

Sobrenome Arruga


"Sobrenome singular e pouco difundido de origem aragonesa, encontrado principalmente nas províncias de Zaragoza e Barcelona, mas também encontrado nas províncias de Gerona, Lérida, La Rioja, Huesca, Tarragona, Toledo e na Comunidade de Madrid.

Segundo o linguista catalão Francesc de Borja Moll, Arruga é derivado etimologicamente do adjetivo 'arrugada', que serve para descrever uma pessoa raquítica, débil fisicamente. Para o mesmo autor o vocábulo 'arruga' é derivado do termo latino 'ruga', com o mesmo significado.

Entretanto, de acordo com a obra 'Brasões e Linhagens do País Basco', Arruga seria uma contração do antigo sobrenome basco Arrugaeta. Este sobrenome é vinculado a um antigo solar que houve no vale de Orozko, no Senhorio de Viscaya.

Victor Ramón defende, contudo, que Arruga é uma aliteração do sobrenome encontrado nos séculos XV e XVI 'Arrua', na Cantábria."

Fonte: Real Sociedade Aragonesa de Genealogia.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Eduardo Pereira de Campos


"Fallecimento

Em consequencia da ruptura de um aneurisma falleceu ás 11 horas da manhã de hoje o nosso co-religionario dr. Eduardo Pereira de Campos, engenheiro empregado na estrada de ferro de Porto Alegre a Uruguayana, desde o seu começo.

Era um cidadão geralmente estimado.

Penalisados por esse acontecimento, endereçamos á exma. familia do morto as expressões do nosso sentimento.

- O saimento se effectuará amanhã, ás 3 1/2 horas da tarde.

Ás 4 horas serão celebradas as cerimonias da encommendação, na Cathedral."

Fonte: A FEDERAÇÃO (Porto Alegre/RS), 11 de Maio de 1891, pág. 01, col. 04

Colônia Nossa Senhora da Piedade


"A COLONIA DE N. S. DA PIEDADE

Esta colonia compõe-se exclusivamente dos ex-escravos da fallecida condessa do Rio-Novo, que os deixou livres e deu-lhes condicionalmente (*) as terras de sua fazenda de Cantagallo, em Entre-Rios, no municipio da Parahyba do Sul, para serem divididas entre elles, ao mesmo tempo, que deixou a Irmandade de N. S. da Piedade, cuja sede se acha na Parahyba do Sul, outras porções de terras e os edificios principaes do estabelecimento e todos os instrumentos destinados ao beneficio ou tratamento industrial dos productos da lavoura, com a condição de ahi serem sempre beneficiados os productos dos colonos, mediante meação de café que deve ser todo ahi beneficiado. É das terras legadas á irmandade, e não das da colonia dos libertos, que trataremos, nos occupando das terras para a fixação de immigrantes, no correr d'este relatorio, sendo estas terras contiguas as dos libertos.

1o. - Consta a colonia de 30 lotes de terra, cada lote contendo um grupo natural de uma familia e adherentes prefazendo o numero total de colonos de ambos os sexos e de todas as idades pouco mais de duzentas pessoas (o numero exacto será em breve dado por um arrolamento que muito recommendamos á administração da colonia. O numero de libertos da condessa do Rio Novo era de 190 adultos e de perto de 40 ingenuos e menores. O facto de não podermos agora precisar as unidades que excedem de duzentas pessoas habitantes da colonia, acha-se nos recentes nascimentos e no numero ainda indeterminado de ingenuos, porquanto o numero exacto dos libertos de ambos os sexos, actualmente residentes na colonia, podemos dar, sendo estes 170. Entre elles só contam 70 casaes matrimoniaes, estabelecidos em suas respectivas habitações independentes, tendo-se ido os outros restantes colonos, segundo as tendencias naturaes de familia, de affeições ou de interesse, aggregar a esses nucleos.

Afóra esses libertos, fixados ao sólo da colonia como cultivadores, existem ainda 4 libertos homens e uma mulher (por doente, impropria ao serviço agricola), que se acham ao serviço da irmandade, no estabelecimento central da administração.

Nos lotes o agrupamento dos colonos foi feito, conforme eram crioulos e africanos, como facto geral: no mais seguem elles a gravida e social por familias, affeições e interesses mutuos, em geral em cada lote, tendo elles por isso edificado ou só uma ou mais de uma casa.

2o. - Desde a libertação dos escravos da condessa do Rio Novo até hoje falleceram sete individuos de ambos os sexos e de diversas idades. De entre os libertos retiraram-se logo após a recepção de sua liberdade oito individuos, todos do sexo masculino, e estes foram sómente dos que tinham officios e que preferiram exercel-os fóra da colonia, como mais rendosos. Foi interesse e não outro motivo que os fez emigrar.

Elles eram carapinas, ferreiros, pedreiros e cosinheiros. Estes retirantes deixaram de obter lotes na colonia, de harmonia com as disposições testamentarias, de sorte que em qualquer tempo que tenham de voltar á colonia, não têm mais direito a lotes de terras.

Não obstante, já se tem dado o facto significativo da volta de alguns d'esses libertos reclamando sua fixação na colonia e ainda no dia de nossa estada alli, um d'elles, que retirou-se para exercer o officio de cosinheiro em casa do Sr. visconde de Entre Rios, voltando casado á colonia, instava pela obtenção de um lote de terra para fixar-se como lavrador, ahi querendo edificar sua casa e estabelecer sua familia, composta apenas de sua esposa e de um filhinho.

Ainda convém notar que oito dos libertos, permanecentes na colonia, tendo officios diversos, exercem estes temporariamente fóra, attrahidos pelo maior interesse que isso lhes traz, não obstante serem proprietarios de lotes de terras, onde se acham estabelecidos com suas familias, lotes que elles alternativamente cultivam nos intervalos do exercicio exterior de sua profissão mecanica, notando-se ainda que alguns d'elles pagam a trabalhadores da colonia ou mesmo a trabalhadores livres e até brancos, de fóra, para beneficiarem seus cafesaes e roças durante sua laboriosa e interesseira ausencia.

Por estes factos fidedignos, se evidenciará que setamos na colonia de N. S. da Piedade um pouco longe da realisação das prophecias apocalypticas, que sempre precedem as reformas profundas.

3o. - Não se queixa a administração da colonia de que um unico dos libertos haja sonegado sequer, quando mais roubado, um grão de café, que elles colhem, e que devem levar ao beneficio industrial. Não se queixam nenhum visinho, nem ninguem na povoação, quer habitante fixo, quer viajante, de que os libertos da colonia tenham tirado objectos alheios, nem os viajantes se podem queixar de que elles lhes peçam cousa alguma, e menos que se entreguem á mendicidade na ruas e estradas, ou em illudir alguem com trapaças ou armadilhas á boa fé.

Quando visitamos as colonias, os homens achavam-se, pela maior parte, nos trabalhos do campo, e as mulheres em casa, occupando-se dos filhos e da sua economia domestica, rudimentar e mais que modesta ainda.

Penetramos em algumas habitações e reconhecemos o contentamento dos colonos por sua nova condição, mas todos se queixavam do que todos se queixam... da escassez de meios para realizarem seus desejos de melhoramentos.

Antes da libertação e da constituição da colonia, apezar da extrema bondade da condessa do Rio Novo, só havia oito casaes legitimos na fazenda; depois, porém de 20 de Janeiro de 1883 até hoje, dentro do espaço de um anno, ou desde a epocha em que foi constituida a colonia, realisaram-se mais 62 casamentos, a maior parte logo após a constituição da colonia, prefazendo ao todo 70 casamentos, ficando portanto a grande maioria dos colonos constituida em familias legaes e legitimando assim seus filhos aquelles que já os tinham antes do casamento.

(...)

6o. - A colonia contém 58 casas, feitas todas pelos colonos, depois de sua libertação e da constituição da colonia, depois de sua libertação e da constituição da colonia, isto é, de 20 de Janeiro de 1883, ou ha um anno exacto. Estas casas não se acham todas juntas, constituindo um povoado unico, mas separadas umas das outras e independentes. Ellas acham-se de preferencia dentro dos diversos lotes de terra.

Além dessas casas especiaes dos colonos, e por elles feitas, devemos mencionar duas casas maiores, já existentes antes da libertação, uma chamada Sítio e outra, Sant'Anna, constando de quatorze lances; ambas são cobertas de telhas, e ahi moram algumas familias de colonos.

Das 58 casas, 11 são cobertas de telhas, e apresentam já certa commodidade relativa, todas possuindo portas e janellas, e maior parte com caixilhos e entre ellas já havendo umas duas com portas e janellas pintadas, e alguns quartos soalhados."

Fonte: A IMMIGRAÇÃO: ORGÃO DA SOCIEDADE CENTRAL DE IMIGRAÇÃO (Rio de Janeiro/RJ), boletim 003, dez. 1883 a ago. 1884, pág. 10, col. 01, pág. 11, col. 01-02