"SUL DO IMPERIO
(...)
- O Paiz, jornal de Pelotas, apresentou em um de seus ultimos numeros o seguinte esboço a respeito da colonia de S. Lourenço, que bem deixa de ver o estado florescente em que marcha aquelle moderno estabelecimento, que tão util já nos tem sido, e muito cooperará para o engrandecimento de Pelotas, em cujo município se acha situado:
Os primeiros colonos chegaram aqui no dia 18 de Janeiro de 1858.
Tem a colonia 734 fogos com 5.130 habitantes, dos quaes professam 430 a religião catholica e 4.700 a religião protestante.
Existem 16 escolas particulares, seus mestres são pagos pelos colonos.
Não ha aula publica.
Ha completa falta de igrejas, e existe na colonia só um padre protestante, que celebra as ceremonias de seu culto nas casas das escolas.
Ha umas igrejas catholicas que ainda não estão acabadas.
Os productos de exportação são: milho, feijão, batatas, trigo, centeio, cevada, estes três ultimos em grão e em farinha; manteiga, banha, toucinho, ovos, galinhaas, lenhas e madeiras de construcção; a exportacção tem sido pouca ou quasi nenhuma este anno, em consequencia dos estragos causados pelos ratos que tem havido na Serra dos Tapes, e em logar de exportar, tiveram os colonos de comprar de outros logares, principalmente milho, como também feijão e batatas; assim foi este anno muito infeliz para os moradores da Serra de Tapes.
A saude publica foi satisfactoria.
Ha um medico e uma botica.
Existem na colonia cinco moinhos movidos por agua e um a vapor, todos muito pouco tiveram que fazer em consequencia dos estragos feitos pelos ratos.
Casas de negocio ha 16, e ha os seguintes officios: 10 ferreiros, 12 carpinteiros, 5 alfaiates, 10 sapateiros, 12 (ilegível), 4 correeiros, 4 curtidores, 3 pedreiros e uma fabrica de cerveja.
Tendo havido no anno de 1875 uma exportacção no valor de 350:000$, pouco mais ou menos, mas neste anno o valor dos productos exportados nem chega para as despezas das diversas familias.
Ha como 320 carretinhas, de quatro rodas puxadas por cavallos, pertencentes aos mesmos colonos, que levam seus productos a Pelotas, no porto de S. Lourenço e para o interior da campanha até Bagé, para vendel-os.
É para lamentar-se a falta de ordem, e enormes abusos que tem havido nesta colonia por parte das autoridades policiaes."
Fonte: DIARIO DO RIO DE JANEIRO (RJ), 26 e 27 de Dezembro de 1876, p.01, c.05-06