"Lê-se na <<Gazeta de Noticias>>:
<<Tendo o sr. Manoel Luiz da Cunha, subdelegado de policia de Pelotas, denuncia de que, em uma casa na Varzea, algumas negras entretinham-se no celebre officio de feitiçaria ou manipancio, para alli se dirigiu na noite de 17, depois de concluido o espectaculo da companhia Loyal's, acompanhado de seu escrivão, do capitão Delfino e de diversas praças da policia.
Ahi chegados, foram recebidos com todas as honras pela feiticeira, que dizia ser enviada de Deus para salvar a humanidade!
Em um quarto no interior da casa viam-se espalhadas mais de cincoenta tigelas de barro, contendo um liquido côr de leite, algumas vasilhas de louça com pedaços de carne, pennas de gallinha, sangue, sapos, e uma infinidade de objectos, estando o quarto illuminado com velas de sebo!
Algumas imagens de barro e outras em quadros completavam o adorno desse quarto dos mysterios.
Na sala, em um canto, estavam collocadas duas pedras, ensebadas e salpicadas de sangue, um copo com um liquido côr de leite, um outro com vinho, pennas de gallinhas e tambem illuminado com velas de sebo.
A feiticeira, a todas as perguntas que se lhe fazia, respondia que era enviada de Deus, e que seus trabalhos eram feitos de porta aberta, para que todo o mundo os vissem!
Disse tambem que aquella tinha preparado uma succulenta ceia de bolos de bacalháo para convidar o sr. delegado de policia, que era muito seu conhecido e que costumava ceiar algumas vezes em sua companhia.>>"
Fonte: O LIBERAL DO PARÁ (PA), 23 de Fevereiro de 1878, pág. 01, col. 03