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sábado, 28 de abril de 2018

Lançamento da Coleção Raízes Leonenses


O poeta, professor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Capão do Leão, Carlos Eugênio Costa da Silva, popularmente conhecido como "Vacaria", estará na próxima quinta-feira, 03 de maio de 2018, lançando a sua coleção "Raízes Leonenses" - conjunto de cinco opúsculos em verso sobre a história de Capão do Leão. O evento acontece a partir das 16 horas, na Casa de Cultura Jornalista Hipólito José da Costa (à Praça João Gomes), justamente na data de aniversário de 36 anos de  emancipação do município de Capão do Leão. Participe!  A entrada é franca!

Subsídios históricos de Capão do Leão


Artigo de minha própria autoria feito por solicitação de professores para desenvolvimento do tema com alunos de quarto e quinto anos do ensino fundamental. Sinta-se à vontade para copiar, desde que citada a fonte.

Primórdios da ocupação portuguesa na região
                Em 1737, uma expedição militar portuguesa comandada por José da Silva Pais fundou o presídio (colônia militar) Jesus-Maria-José junto à Barra do Rio Grande – local que une a Laguna dos Patos ao Oceano Atlântico. Logo em seguida, formou-se ao seu redor a vila de Rio Grande de São Pedro. O objetivo de Silva Pais era dar um ponto de apoio até a Colônia do Sacramento (na foz do Rio da Prata) e marcar a ocupação portuguesa nas terras meridionais do Brasil.
                Em 1763, a vila de Rio Grande foi invadida pelos espanhóis, que ali permaneceram até 1777 – ano que ocorreu o Tratado de Santo Ildefonso e que devolveu a vila ao domínio português. Todavia, sabe-se que durante a permanência dos espanhóis em Rio Grande, muitos habitantes da vila se refugiaram do outro lado da barra, em direção à vila de São José do Norte, ou além do canal São Gonçalo, em terras do Cel. Thomaz Luís Osório (que já havia as recebido em 1758, porém nunca chegou a ocupá-las). Por isso, a presença européia na zona sul do estado do RGS, já remonta a esta época, embora existam raríssimas impressões sobre quem eram e o que faziam.
                Foi somente após o Tratado de Santo Ildefonso (1777) é que se começou a ter os primeiros registros de sesmeiros (donos de sesmarias – áreas concedidas pelo governo português) na região. Na área do atual município de Capão do Leão, temos o apontamento de cinco sesmarias: das Pedras (na região do Passo das Pedras, porém que se estendia até os atuais Cerrito e Pedro Osório), Pavão (maior e que ocupava mais da metade do nosso atual município, pertenceu ao brigadeiro Rafael Pinto Bandeira), Sant’Anna (na parte norte do município, também se estendendo até o atual Morro Redondo), São Thomé (entre os arroios São Thomé e Fragata) e a do Padre Doutor (entre o arroio São Thomé até o Passo das Pedras, pertencente ao Padre Doutor Pedro Pereira Fernandes de Mesquita e onde também viveu na infância e juventude seu sobrinho Hipólito José da Costa – patrono da Imprensa Brasileira).
                Posteriormente, heranças, divisões e vendas repartirão essas cinco pioneiras sesmarias em uma infinidade de propriedades no século XIX.

Capão do Leão no século XIX
                O primeiro registro das terras do nosso município com a denominação Capão do Leão é de 1809.
                Basicamente, o Capão do Leão era um território periférico da cidade de Pelotas (fundada em 1812 e elevada à cidade em 1835), onde a atividade pecuária era importante. Exceção feita às terras do Pavão, charqueadas foram poucas na região. Era comum a utilização dos campos para engorda do gado, além do Capão do Leão ser um dos caminhos de tropeiros que levavam gado da Campanha para Pelotas.
                Em 1828, o viajante alemão Carl Seidler esteve em Capão do Leão, registrando sua passagem por aqui. Em 1851, foi fundada a Colônia Dom Pedro II, nas terras entre os arroios Fragata e São Thomé, formada por cerca de 300 colonos irlandeses e ingleses. Contudo, essa tentativa de colonização não obteve sucesso, tendo a maioria de seus residentes emigrado para outros lugares em cerca de sete anos.

O início da urbanização
                O fato marcante da história local foi a construção da ferrovia Rio Grande-Cacequi em 1884. Isso porque se construiu também uma estação ferroviária em Capão do Leão (a atual Casa de Cultura). A importância da estação é que, de certa forma, ela estimulou o início da urbanização no Capão do Leão, pois toda uma sorte de residências, comércios e serviços surgiu em razão da proximidade com ela. Logo também, ricos moradores de Pelotas e Rio Grande aproveitando a facilidade do transporte por trem estabeleceram casas de veraneio em Capão do Leão. O povoado desenvolveu-se de tal forma, que até um hotel e a passagem da Princesa Isabel são registrados nessa época.
                Em 1893, Capão do Leão foi elevado à condição de distrito de Pelotas. Em 1897, Domingos Fernandes da Rocha loteou suas terras e surgiu a Vila Theodósio – outro espaço de muitas casas de veraneio. Em 1901, devido ao crescimento do Capão do Leão foi erguida uma capela em homenagem à Santa Tecla – iniciativa da Baronesa de Santa Tecla, cujo marido, falecido um ano antes, possuía sua estância em terras leonenses.
                Outra atividade econômica de importância nas primeiras décadas do século XX foi a fruticultura, com destaque para a produção de laranjas, pêssegos, morangos, tangerinas e uvas. Houve até uma fábrica de vinhos e uma de compotas.
                Em 1909, em razão das obras da abertura da Barra de Rio Grande e da construção do novo porto daquela cidade, a Compagnie Française du Port du Rio Grande Du Sud estabeleceu-se na região das pedreiras do Cerro das Pombas (atual Cerro do Estado) e este foi um outro fator de desenvolvimento para o distrito, com a vinda de muitos trabalhadores e migrantes que passaram a depender da extração de pedras. Em 1926, as pedreiras passariam a uma companhia argentino-americana: a Compañia Americana de Construcciones y Pavimentos S.A. As pedras do Capão do Leão passaram a ser exportadas para a Argentina e Uruguai, além de muitas outras cidades do Rio Grande do Sul.
                O desenvolvimento do distrito permaneceu até aproximadamente até a década de 1940, quando a crise da fruticultura e o surgimento do Laranjal como espaço de veraneio pelotense contribuíram para certo retrocesso dos anos de progresso.

O surgimento das novas áreas urbanas e os movimentos de emancipação
                A região da atual Vila da Embrapa e Avenida Eliseu Maciel já tinha ocupação desde o ano de 1944 – ocasião em que foi criado o Instituto Agronômico do Sul (Agrisul) e depois cresceu com a criação da Universidade Federal de Pelotas em 1969.
                Entre o bairro Fragata em Pelotas e a Vila do Capão do Leão existia uma vasta zona de campos de arroz, aspargo e pequenas hortaliças, pouco povoada, denominada Várzea do Fragata. Em 1948, o empresário italiano radicado em Rio Grande, Comendador Henrique Loréa, comprou nessa região a antiga estância de Jairo Costa a fim de construir um bairro popular inspirado nas cidades-jardim inglesas. Em 1954, o bairro tornou-se realidade com o nome de Jardim América, embora durante os seus primeiros vinte e cinco anos, a transferência de moradores para o loteamento tenha sido lenta e pouco significativa. Entretanto, a partir da década de 1980, seu crescimento foi extraordinário, tornando-se em pouco tempo na maior zona urbana do município, com cerca de 15 mil habitantes.
                Em 1963, houve a primeira tentativa de emancipação do Capão do Leão, quando, embora o “SIM” tenha vencido, o prefeito de Pelotas Edmar Fetter conseguiu na Justiça anular o processo e impedir a separação do distrito.
                Apesar disso, o movimento de crescimento populacional permaneceu, pois a construção das rodovias BR-116 e BR-293 estimularam a vinda de novos moradores, bem como a instalação de frigoríficos e a expansão do campus da UFPel. Em 1974, desmembrou-se a antiga Fazenda Fragata, de Jair Matos da Silva Coronel, e foi criado o Parque Fragata. Em 1979, por iniciativa do Sr. Oriente Brasil Caldeira, surgiu o Loteamento Zona Sul. Em 1981, foi a vez do surgimento da Vila Gabriela Gastal.
                Uma das reclamações mais comuns dos moradores do distrito de Capão do Leão era a de que aquilo que era produzido aqui, não se revertia em benefícios para a própria região, seja na forma de serviços ou obras fundamentais por parte da Prefeitura de Pelotas. Por isso, em meados de 1981, começou-se um novo movimento emancipacionista, consagrado pela vitória do “SIM” em 28 de março de 1982 e sacramentado pelo decreto estadual que oficializou o município em 03 de maio de 1982.

Capão do Leão município
                O 1º. Prefeito de Capão do Leão foi o Sr. Elberto Madruga (PMDB), que passou a governar em 01 de janeiro de 1983. Antes de ser prefeito de Capão do Leão, Madruga foi sete vezes consecutivas vereador em Pelotas, sempre ligado a terras leonenses, defendendo seus interesses. Apesar disso, seu governo foi curto, pois Madruga faleceu em julho de 1985, sendo substituído pelo seu vice, Getúlio Victória (PMDB) que governou até o fim de 1988. Em 1989, assumiu o governo municipal Manoel Nei Neves (PFL), ficando no cargo de prefeito até 1992. Em 1993, Getúlio Victória (PMDB) retornou ao comando da prefeitura e foi substituído, a partir de 1997, pelo seu próprio antecessor, Manoel Nei (que agora já estava no PPB).
                A partir de 2001, tivemos dois mandatos consecutivos de Vilmar Motta Schmitt (PDT), que ainda fez seus dois sucessores: João Serafim Quevedo (2009-2012) e Cláudio Victória (2013-2016). O atual prefeito é o Sr. Mauro dos Santos Nolasco (PT).

Dados estatísticos de Capão do Leão
                A população estimada em 2017 é de 25.495 habitantes, de acordo com o IBGE. O território do município é de 785,4 km2.
                Nossa economia gira principalmente em torno da produção agrícola e de serviços. Os principais cultivos são o arroz (7.025 hectares), a soja (5.000 hectares) e o milho (3.500 hectares). Numa escala muito mais reduzida se encontram o amendoim, a aveia, o feijão, a mamona, a melancia, o pêssego, o sorgo e o trigo. Na pecuária, os principais rebanhos são o bovino, tanto o de corte (29.897 cabeças) quanto o leiteiro (3.800 cabeças), seguido do eqüino (2.936 cabeças) e ovino (2.092 cabeças). Outras criações são percebidas numa escala bem menor, embora a criação de galinhas gire em torno de 1.700 cabeças.
                No extrativismo vegetal, destaca-se a produção de eucaliptos (cerca de 600 hectares de área plantada). Já no extrativismo mineral, a extração artesanal do granito é uma atividade de importância consagrada em várias zonas do município como o Cerro do Estado, Cerro das Almas e Passo do Descanso, porém sem dados estatísticos. A extração industrial do granito (isto é, aquela feita por máquinas e técnicas especializadas) está paralisada desde o ano de 2010, quando ocorreu a última exploração de grande porte na Pedreira do Cerro do Estado. A Pedreira da Empem (no centro do município), por sua vez, está inativa desde 2006.
                Não se registra nenhuma produção industrial de destaque do município, com uma pequena relevância ainda de um frigorífico. No setor de serviços, o comércio de gêneros alimentícios é a atividade mais promissora (54,2% de empreendimentos), seguida da prestação de serviços (10,5 % dos empreendimentos) e do comércio de ferragens e material de construção (4,85% dos empreendimentos).