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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Alexandre Cassiano do Nascimento


Por Fernando Osório

"Uma das figuras mais prestigiosas da política republicana do Rio Grande do Sul. O saudoso pelotense era filho do Cel. Manoel Lourenço do Nascimento, veterano da Pátria, que foi soldado farroupilha, depois secretário do Gal. Canabarro. Nasceu a 13 de agôsto de 1856. Estudou preparatórios no Rio de Janeiro e formou-se em Direito, em S. Paulo, em 1880. Foi, por um ano, promotor público na cidade do Rio Grande, e, em 1882, juiz municipal no Livramento.

Empolgado pelo ideal republicano, excursionou pela Campanha pronunciando discursos e organizando conferências. Em Pelotas veio residir, em 1884, unindo-se a Alvaro Chaves para a organização do Partido Republicano no sul da Província. Nesse mesmo ano, logrou ser escolhido candidato dêsse partido à Assembléia Provincial, não sendo, porém, eleito. Cassiano do Nascimento intensificou a sua doutrinação pela Campanha do Sul, de 1884 a 1889.

Proclamada a República, foi eleito, por 35 mil votos, deputado à Constituinte. A sua ação foi enérgica, quando do golpe de Estado de 4 de novembro de 1891; e, depois de restaurado o Congresso, pela Revolução de 93, que levou Floriano ao poder, Cassiano do Nascimento colocou-se ao lado de seu partido que estava fora do Govêrno do Rio Grande do Sul. Foi então o líder da oposição na Câmara Federal, mostrando-se ativo, hábil, inteligente, posição que abandonou ao ser restabelecido o Govêrno de Julio de Castilhos apoiado pelo Marechal de Ferro. Tomou assento na bancada governamental, levado pelo amor e dedicação à causa do seu partido a defender o chefe do Estado. Floriano, que conhecia os homens, atraiu-o para o seu Govêrno, confiando-lhe a pasta do Exterior, que oferecia percalços no período agudo na revolta de 6 de setembro. Geriu-a, porém, Cassiano do Nascimento com superior serenidade e prudência, feições especiais do seu caráter. O Marechal acumulou-o com as pastas da Fazenda e Interior. E, Ministro, Deputado, Vice-Presidente do seu Estado, líder da Câmara, e, por último, Senador, em tudo êle deixou estampado o cunho de sua inteligência esclarecida e do seu belo espírito. 

Da sua fôlha de serviços a Pelotas, basta referir a ação por êle desenvolvida pela Alfândega de nossa terra e pela construção da Ramal da Estrada de Ferro, assuntos em que se empenhou com fervor e entusiasmo. O ilustre pelotense faleceu, no Rio de Janeiro, a 9 de novembro de 1912, e está sepultado nesta Cidade, (nota nossa: Pelotas) para onde foram transportados, por entre grandes homenagens de acrisolado aprêço, os seus restos mortais."