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terça-feira, 28 de novembro de 2017

Barão de Itapitocahy


Por Fernando Osório

"Dr. Miguel Rodrigues Barcellos - O povo de Pelotas deu a esse benemérito conterrâneo o nome de Pai dos Pobres. Filho do Comendador Boaventura Rodrigues Barcellos e de D. Silvana Eulalia de Azevedo Barcellos, nasceu em 1827.

Em 1848 formou-se em Medicina na Faculdade do Rio de Janeiro, vindo em seguida para a cidade de Pelotas, onde sempre viveu. Aqui exerceu o cargo de médico da Santa Casa de Misericórdia, desde a fundação desse pio estabelecimento até a sua morte. O que foi o Dr. Miguel Barcellos como médico é difícil dizer: de um desprendimento e de uma caridade fora do comum, atendendo com igual solicitude ao rico e ao pobre, tornou-se em pouco tempo querido de todos.

Membro de uma família que ocupou saliente papel na política da Província, o Dr. Barcellos envolveu-se também nas lutas partidárias, sendo, pelo seu grande prestígio e extraordinária popularidade, uma das maiores influências do Partido Conservador, que por vezes lhe confiou cargos de eleição.

Os lutuosos acontecimentos de 6 de agosto de 1878, em Pelotas, por ocasião de se proceder a uma eleição, produziram a maior excitação de ânimos, sendo o Dr. Barcellos, como chefe do Partido Conservador, acusado pelos seus adversários de mandante do atentado. Preso e submetido a processo, foi despronunciado por falta de provas. A sua volta do paço da Câmara Municipal, onde estivera detido, para a sua casa foi uma verdadeira marcha triunfal, havendo a cidade de Pelotas raras vezes assistido tão imponente e entusiástica manifestação.

Foi depois nomeado Vice-Presidente da Província, cargo que exerceu de 20 de setembro de 1885 a 8 de maio de 1886. O governo imperial galardoou os seus serviços, dando-lhe o título de Barão de Itapitocahy, por decreto de 17 de setembro de 1888. Era Cavaleiro da Águia Vermelha, da Alemanha; da Coroa, da Itália; Comendador da Ordem de Cristo e da de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Portugal. Possuía diversas medalhas e um sem número de diplomas de sociedades de caridade, abolicionistas e outras. 

Faleceu em 13 de fevereiro de 1896. Pelotas perpetuou-lhe a fama, no bronze de uma herma, inaugurada à Praça da República, em 24 de maio de 1914, produzindo, nesse ato, entre aclamações do povo, eloquente oração um orador de raça, o eminente médico pelotense Dr. Balbino Mascarenhas."