Trecho extraído de: BENTO, Cláudio Moreira. O negro e descendentes na sociedade do Rio Grande do Sul (1635-1975). Porto Alegre: Grafosul, Instituto Estadual do Livro, 1976, p. 267.
"O autor (Michael G. Mulhall - nota nossa) ao parar numa estalagem distante cerca de 2 léguas de Pelotas, na encruzilhada para Jaguarão e Canguçu, observou o seguinte:
'Pouco depois de deixarmos a estalagem, começamos a sentir o calor do sol e fiquei com pena de alguns negros que, com pequenos cestos na cabeça, dirigem-se penosamente à cidade.
Fiquei sabendo que este era um dos castigos que seus amos davam, por alguma falta cometida, ao invés de surrá-los.
Como eles não se importam com o sol, a única dificuldade era a de terem de caminhar 10 milhas em cada sentido para buscar, digamos, uma libra de açúcar ou um jornal.
Estes escravos não raro escapam pela fronteira com a Banda Oriental (Uruguai) e voltam 2 anos depois, porque, passado esse período, nenhum amo pode reclamá-los."