Em Pelotas, no bairro Guabiroba, há uma rua conhecida como Beco da Fumaça - devido ao tráfico de drogas ali presente. O local é perigoso para quem não mora ali, sendo infelizmente foco de criminalidade e pobreza, embora muitas famílias honestas também sejam moradoras do lugar.
Todavia, quando há pesquisas do IBGE, não se escolhe lugar para os agentes trabalharem. Tem que ir aos locais, colher os dados e computá-los, e pronto. Pois bem, um entrevistador do IBGE de nome Thiago foi escalado para fazer o censo na região e se deparou com o tal Beco da Fumaça. Não se importando com a fama do lugar, muito espontâneo e comunicativo, foi batendo de casa em casa, conversando com um e outro e fazendo sua pesquisa. Fez até amizades e sai de lá ao final do dia bem animado com a receptividade dos moradores.
No outro dia, ainda com residências a visitar, Thiago logo pela manhãzinha, oito e meia, volta ao Beco da Fumaça, muito disposto em cumprir sua missão. Nisso, salta em sua frente um molecote na rua, que estava brincando e avisa ao pesquisador:
- Tio, o senhor aqui de novo? Tio, estão lhe marcando aqui, hein?! Se eu fosse o senhor, eu ia embora!
O Thiago tenta argumentar, mas o rapazinho insiste:
- Tio, não entra aqui na rua, não! Estão querendo te pegar!
O Thiago segue caminhando sem entender, mas logo em seguida seu celular toca. É o seu coordenador muito esbaforido ao telefone:
- Thiago, tu estás bem?! Onde tu estás? Volta logo aqui para o escritório! Não precisa terminar o censo aí. Volta logo!
Ao retornar ao escritório do IBGE em Pelotas, Thiago fica sabendo o porquê de tanta apreensão. Na noite anterior, a Polícia Federal havia dado uma batida no Beco e levado uns quantos presos. Justamente após a tarde que ele tinha passado e feito o censo por lá.