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terça-feira, 27 de junho de 2017

As "Chinas" na História do Rio Grande do Sul


Trecho extraído de: RIBEIRO, Niamara Pessoa & alii. O papel da mulher na Revolução Farroupilha. Porto Alegre: Tchê, Casa Masson, 1983, p. 108-110.

"Eram as mulheres que acompanhavam as tropas em seus deslocamentos, e permaneciam nos campos de combate cuidando do soldado enquanto a mulher legítima aos olhos de Deus e da sociedade patriarcal - a mãe, a esposa, a filha - permaneciam em casa, tomando conta do lar, dos filhos, da estância e dos negócios do homem ausente, aguardando ansiosa o desfecho da guerra e o retorno do guerreiro.

Conhecidas por 'vivandeiras' ou 'chinas de soldado', eram de variada procedência, mistura de luso com índias ou com negras escravas muitas vezes. Saint-Hilaire em sua Viagem ao Rio Grande do Sul, entre 1820-1821, lhe faz diversas referências, como esta:

'Quase todos os milicianos acantonados nesta parte da fronteira meridional são amasiados com índias. A facilidade com que estas mulheres se entregam, sua docilidade, sua bronquice mesmo, são atrativos para esses homens rudes que não visam nada além de um instrumento de prazer.'

Não existia o Serviço de Intendências dos Exércitos, e por isso essas mulheres atendiam a toda a sorte de necessidades dos milicianos: cozinhavam, lavavam, cuidavam da farda, pregavam o galão que a luta arrancou, improvisavam recursos em suas barracas ou carretas, onde à noite abrigavam o corpo esfomeado do soldado.

Sua presença anônima e incorporada à própria história da formação geo-expansionista da Província, onde adquire papel importante na formação demográfica de nosso povo:

'Quase todos (os milicianos) tinham arranjado suas mulheres entre as índias; alguns casaram-se com elas e levaram-nas com os respectivos filhos; outros abandonaram as amásias e seus filhinhos; e enfim, houve uma centena deles que ficaram, pelo único motivo, digamos, de não se poderem separar das índias, as quais não podiam ser apresentadas às suas famílias.' (Saint-Hilaire)

Lothar Hessel, em seu romance Brava gente, descreve invasão do chinaredo à freguesia de Taquari, quando do combate entre legalistas e farroupilhas, em abril de 1840. À cata de comida, pilharam a bodega local, servindo-se de bolachas, cachaça e rapadura enquanto aguardavam impacientes o desfecho da luta para saquear mortos e feridos. Impedidas pelos lanceiros da companhia dos libertos sob o comando do general Canabarro, acabaram churrasqueando algum cavalo tombado na luta, para saciar a fome.

Da passagem destas 'chinas bravias' por Taquari, resultou a permanência de algumas, confinadas na Aldeia, denominação do subúrbio meretrício local, e que passou ao arroio e ao passo local.

As vivandeiras estavam presentes em todos os escalões militares, anônimas quase sempre. Fez exceção a "Papagaia', mulher do "Dr. Gaiola', apelidos com que passaram à História a branca (as chinas eram em sua maioria índias ou mulatas) Maria Ferreira Duarte, nascida em S. Antônio da Patrulha no ano de 1803, e seu marido boticário, natural do Rio de Janeiro, João Ferreira Duarte, cirurgião improvisado do exército farroupilha. Porque o cirurgião, amante de pássaros, costumava carregar um papagaio engaiolado às costas, e porque sua mulher o traía abertamente com o general David Canabarro, o casal foi mal visto pela soldadesca merecendo os alcunhas acima.

O casal Duarte foi aprisionado no combate de Porongos que em 1844 o brigadeiro Francisco Pedro de Abreu, o 'Moringue', efetuou de surpresa sobre o extenuado exército farroupilha, que já aguardava ansioso pelas negociações de paz. Soltos, retornaram a Taquari, onde faleceram idosos, ele aos 85 anos, em 25 de janeiro de 1887, e ela aos oitenta anos a 4 de outubro de 1894, sepultados respectivamente nas catacumbas nos. 122 e 548 do cemitério local. A viúva Duarte tornara-se pessoa de respeito, segundo necrológico dos jornais locais.

Merecem ainda guarida neste capítulo aquelas mulheres que, embora pessoalmente ausentes do campo de luta, assumiram deliberadamente atitudes que as posicionaram claramente a favor do partido político que abraçaram.

Assim, por exemplo, a viúva de Lino de Brum, a heroína de Caçapava, sem prenome conhecido, que, tendo perdido o marido em combate, enviou seus dois filhos homens para substituí-lo."

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Feira do Rolo - Edição Capão do Leão


No próximo sábado, dia 01 de Julho de 2017, acontece na Praça João Gomes, centro de Capão do Leão a Feira do Rolo - Edição Capão do Leão. O evento ocorrerá à tarde, entre 14h e 18h30min. 

A Feira do Rolo é uma oportunidade para o público em geral realizar troca e venda de roupas, acessórios, alimentos e arte. Para mais informações, acesse o link da promotora do evento no facebook: https://www.facebook.com/feiradorolopelotas/ 

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Como era uma charqueada?


Trecho extraído de: QUEVEDO, Raul. As estâncias e as charqueadas. Porto Alegre: Livraria do Globo; Dom Pedrito: Pedritense/Cotrijuí, 1986, p. 45-47.

"Como se tem visto ao longo desta narrativa, as primeiras charqueadas funcionaram em campo aberto, sem as mínimas condições de higiene e também sem qualquer preocupação para com o sofrimento dos animais, que eram sacrificados através de meios bárbaros. Comumente, os animais recebiam um golpe de lança (que tinham a forma de meia-lua) no jarrete (garrão), o que os impossibilitava de manter-se de pé. Assim expostos, eram presa fácil ao sangrador e aos esfoladores, que desempenhavam a missão de retirar o couro.

Nos primeiros tempos da 'economia do boi', notadamente nos países do Prata, o couro despertava interesse único. Era comum o sacrifício de milhares de reses para aproveitamento exclusivo do couro. É fácil imaginar a quantidade de animais sacrificados em pleno campo, com os esqueletos expostos às aves carniceiras.

A fundação da Colônia do Sacramento, em 1680, pelos portugueses, na margem esquerda do rio da Prata, foi a mola propulsora do interesse econômico pelos couros. Os embarques de couros desde o porto de Buenos Aires foram constantes, legal ou ilegalmente. Relata Alfredo Juan Montoya, em seu livro 'Cómo evolucionó la ganadería en la época del virreinato', que em 1674 foram embarcados em três navios - Santa Maria de Lubeque, La Soledad y el Rosario e San José - um total de 40 mil couros. Como se vê, seis anos antes da fundação da Colônia.

Depois o sacrifício do gado aumentou. Segundo o mesmo autor argentino, em 1790 as matanças alcançaram a soma de um milhão de cabeças, conforme documento existente na Biblioteca Nacional, Buenos Aires, de no. 238. Toda matança só para aproveitar o couro.

Ao passar dos anos, o sistema de aproveitamento das reses foi aperfeiçoado. As charqueadas, ou estabelecimentos coureiros - que alguns autores confundem, até hoje, com charqueadas 'pioneiras', foram cedendo lugar aos saladeiros, que vieram até o século XX. Mas os métodos permaneceram mais ou menos os mesmos.

Louis Couty, biólogo francês, contratado pelo governo imperial para lecionar na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, esteve no Rio Grande do Sul no ano de 1878. No relato que fez das charqueadas pode-se notar que os métodos de matança não se diferenciavam muito daqueles usados pelos primitivos habitantes. Por outro lado, também a infra-estrutura dos abatedouros - sua arquitetura e métodos de trabalho, eram iguais aos do século XVIII, e muito provavelmente, inferiores aos que foram instalados pelo espanhol Francisco Medina, em seu estabelecimento 'del Colla', em 1786, às margens do arroio 'del Sauce'.

Vejamos o relato de Louis Couty:

'Os animais eram guardados nas mangueiras, de vésperas (...). Em pequenos grupos de 30 a 60 cabeças, eram repassados para o curro ou brete. Na extremidade do brete o laçador, posto sobre uma plataforma de madeira, laçava pelas guampas do animal. O laço era atado a uma polia manejada por dois homens, ou era passado através de uma roldana e atado a um cavalo com montaria ou a uma parelha de bois.

O animal escolhido para o sacrifício era assim arrastado até o fim do brete, já sobre um pequeno vagão de madeira, com rodas de ferro ao nível do solo: a zorra. O matador (desnucador), às vezes o próprio laçador, abatia a besta atingindo-a com um estilete de ferro na nuca (sic).

Levantando-se horizontalmente a porteira de saída do brete, o animal que havia caído sobre a zorra era transportado para a cancha. A zorra, puxada por alguns trabalhadores, corria sobre os trilhos de ferro.

A cancha era o coração da charqueada. Tratava-se de um piso retangular de cimento alisado, levemente inclinado e contornado por pequenas canaletas. Todo o conjunto era protegido por um galpão aberto nas laterais e coberto de telhas. Os trilhos da zorra, que passavam ao lado da cancha ou a cortavam pelo meio, possibilitavam que os animais, retirados do veículo, caíssem diretamente sob as mãos dos charqueadores (carneadores).

Na cancha, o animal começa a ser 'trabalhado' pela cabeça, perdendo imediatamente o couro. É nesse momento que o carneador poderá sangrá-lo com um golpe certeiro no coração. Toda a operação dura apenas alguns minutos. Passa-se à divisão do animal em vários pedaços. A manta e os membros são levados para um galpão adjacente; a cabeça, as vísceras e o tronco, etc. são retirados rapidamente para fora da cancha, para a entrada da zorra em retorno com outro animal a ser trabalhado.

O início da produção (preparo) começa com o ato de charquear as carnes, ou seja, uniformizá-las em pedaços de igual espessura. A seguir, passa-se à salgação. As carnes são transportadas para mesas especiais onde serão impregnadas de sal e depois levadas para a 'empilha'.

Uma pilha de charque pode conter de cem bois até 1.200, o que demonstra que suas dimensões pode ser as mais variadas. As carnes, superpostas uma sobre as outras, continuavam recebendo borrifadas de sal nas camadas intermediárias. Essas pilhas permaneciam dois dias, em média, para absorver completamente o sal, sendo retiradas após esse prazo para os varais de seca.

Os varais formavam uma visão peculiar às charqueadas. Constituíam-se de estacas cravadas na vertical, com varas na horizontal correndo paralelas e cobrindo longas extensões. Dependendo do tamanho das charqueadas, podiam cobrir milhares de metros quadrados.

As carnes ficavam estendidas sobre os varais por cerca de cinco a seis dias (dependendo do clima), ficando prontas para a comercialização. À noite, para não ser atingida pelo orvalho, era empilhada em pequenos montículos, chamados burras, e recobertas.

No dia seguinte, a face exposta para o sol será a que repousava anteriormente sobre o varal. Passado o estágio de secação, a carne será separada e empilhada na espera do embarque'.

Como se vê o relato de Louis Couty, essa charqueada vista no ano de 1878, quando já se trabalhava charque em termos industriais há cem anos, mostra que os métodos de abate e charqueação eram em muito semelhantes aos praticados nos primitivos saladeiros, como se pode ver nas crônicas de Saint-Hilaire, Nicolau Dreys, Arsène Isabele e outros, que viram quase que o nascimento dessa indústria."

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Oscar Schmidt em Pelotas


Oscar Schmidt estará em Pelotas, no próximo dia 29 de Junho, a partir das 20 horas, no Theatro Guarany, proferindo a palestra com o tema "Obstinação", em que conversará sobre valores de liderança e motivação. Segue o link da promotora do evento no facebook: https://www.facebook.com/followmusichouse/ 

terça-feira, 20 de junho de 2017

O Estado Jesuítico da América do Sul


Trecho extraído de: TREUE, Wilhelm. A Conquista da Terra. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 1955, 2a. ed., p. 231-232

"A segunda exceção vem do lado oposto - da Igreja. Os casos de Pizarro e Balboa já provariam por si sós, que a finalidade da cristianização representou um papel importante nas descobertas da América do Sul e Central. A intenção de servir a Deus, ao Papa e ao cristianismo, de libertar os nativos da situação de pagãos, não se deve contestar nem mesmo a um brutal lansquenete e espadachim da envergadura de Pizarro. Seria diminuir a interessante multiplicidade de aspectos psicológicos dêste e de muitos outros conquistadores, não acreditar nos seus planos cristãos e vê-los como hipócritas que punham simplesmente a fé a serviço de seu amor ao poder. No fim de contas, a descoberta de Colombo não deixou de ter sido facilitada pelo auxílio da Igreja; Estado e Igreja estavam estritamente unidos.

Já em 1547, havia um bispado em Assunción, de cuja colonização já falamos, como filha da de Buenos Aires. Franciscanos e dominicanos foram os primeiros a vir à América do Sul. Em 1586, os jesuítas se seguiram a êstes, a convite do bispo de Tucuman. Deveriam ali representar um papel destacado. As missões ambulantes que estabeleceram no comêço estavam fadadas a malograr, como logo se verificou. Os índios julgavam todos os brancos de acôrdo com as experiências que tinham feito com os espanhóis, e estas não eram de molde a despertar confiança.

No início do século XVII, os jesuítas encetaram um nova modalidade de conversão. Em 1606, êles transformaram o Paraguai em uma província da Ordem com um provincial jesuíta à frente; juntaram os índios em aldeias recém-formadas e começaram a dar-lhes instrução. Em 1630 já havia uma dúzia destas aldeias nas quais se encontravam, sobretudo, os guaranis, e que se localizavam, pouco mais ou menos, na região do atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Os progressos nessa nova espécie de catequese levaram à fundação de aldeias maiores e de suntuosas igrejas; praças foram construídas, construções de material levantadas. Em hortas de legumes e em pomares, os índios aprendiam os trabalhos agrícolas. Oficinas e prisões faziam também parte dessa sociedade organizada; as palissadas defendiam a comunidade contra os ataques de fora; severo policiamento garantia a ordem interna. Córdoba era o ponto central dêste Estado original. Como, desde a metade do século XVIII, se formava na Europa uma vasta frente contra os jesuítas, começou a despertar interêsse o Estado jesuítico da América do Sul. Achava-se, então, que os jesuítas tinham nas mãos todo o comércio da América do Sul, o que representava um perigo para as potências ocidentais. Em 1767, em um dia só, os jesuítas foram todos presos e mandados para a Europa. Foi um julgamento sumário e severo, mas nem entre os índios nem por parte das ordens houve a menor resistência. Depressa desmoronavam-se as colônias; os índios abandonaram os aldeamentos e regressaram para a selva. A destruição das colônias jesuíticas foi completada pelas guerras do século XIX.

Nos duzentos anos de sua atuação na América do Sul, além de serviços culturais e de civilização, prestados aos nativos, realizaram coisas importantes no que diz respeito aos descobrimentos. Êles se dedicaram, como era natural, menos às descobertas geográficas do que ao estudo etnológico, de que possuímos documentos em várias obras de memória e narração."

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Uma capital no centro do País


Trecho extraído de: DICIONÁRIO UNIVERSAL DE CURIOSIDADES. São Paulo: Comércio e Importação de Livros Cil S.A., 1968, p. 306-307

"Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça, em 1808, no Correio Braziliense, editado em Londres, já defendia a mudança da capital do Brasil para o centro do país, condenando o Rio de Janeiro. José Bonifácio de Andrada e Silva, em 1821, defendia perante a Côrte a idéia da mudança da capital do Brasil, ficando livre de assalto, guerra, e evitando o excesso de povoação na orla marítima. A 9 de junho de 1823, José Bonifácio apresentou à Assembléia Constituinte um trabalho, sugerindo a transferência da capital para o Planalto Goiano e a mudança de seu nome. Com a Independência, em 1822, o assunto da mudança da capital ficou relegado a segundo plano, alegando-se o custo da mudança e ainda a impossibilidade do momento, caindo no esquecimento tal projeto. Em 1853, o senador Varnhagem apresentou um projeto de lei visando a transferência da capital para o centro geográfico do país. Após demoradas discussões e estudo, foi o projeto arquivado, ficando sem solução a mudança. Em 1877, o Visconde de Pôrto Seguro empreende viagem ao Planalto Goiano a fim de localizar o sítio ideal para fixar-se a capital, tendo atingido Formosa, localidade às margens das lagoas Feia e Formosa. Em 1891, na República, os membros da Assembléia Constituinte voltaram a cogitar da transferência da capital, contando com muitos adeptos. O assunto, porém, apenas ficou em fase de estudos. Joaquim de Sousa Mursa e Rodolfo Miranda, deputados, apresentaram uma emenda para fixação e demarcação de uma área para localizar-se a capital do Brasil, tendo recebido do Marechal Floriano inteiro apoio. O Presidente Floriano chama o Dr. Luís Cruls, para tomar a seu cargo a demarcação do nôvo Distrito Federal, fazendo levantamento para atender a essa necessidade. Pede, ainda, que estude as condições de solo e outros pontos de interêsse. Luís Cruls, cientista eminente, foi, assim, o primeiro homem a chefiar uma missão no Planalto Central para estabelecer as condições e demarcações da futura capital do Brasil, isto já em plena República, e a mando do Marechal Floriano. A missão do Dr. Cruls partiu, a 9 de junho de 1892, levando 22 membros especializados para estudos em cada setor do solo goiano. Levara um carregamento fabuloso a fim de atender às exigências dessa incumbência presidencial."

terça-feira, 13 de junho de 2017

As emancipações de Pelotas


Trecho extraído de: LONER, Beatriz Ana; GILL, Lorena Almeida; MAGALHÃES, Mário Osório (orgs.). Dicionário da História de Pelotas. Pelotas: Ed. UFPel, 2010, p. 106-107

"Pelotas foi o sexto município rio-grandense, na ordem cronológica. Precederam-no Rio Grande, Porto Alegre, Rio Pardo, Santo Antônio da Patrulha e Cachoeira do Sul. Criado por decreto provincial de 7 de dezembro de 1830, foi instalado em 7 de abril de 1832, só nesse ano desmembrando-se efetivamente do município de Rio Grande. De Pelotas, por sua vez, emanciparam-se os municípios de São Lourenço do Sul, em 26 de abril de 1884, Capão do Leão, em 3 de maio de 1982, Morro Redondo, em 12 de maio de 1988, Turuçu, em 28 de dezembro de 1995, e Arroio do Padre, em 16 de abril de 1996."

quinta-feira, 8 de junho de 2017

I Feira de Doces Coloniais em Morro Redondo


Neste final de semana, 10 e 11 de Junho, acontece a I Feira de Doces Coloniais Morro de Amores, junto ao Museu Histórico de Morro Redondo, no centro da cidade. O evento conta com variada programação desde a manhã de sábado até o fim da tarde de domingo. 

Para mais informações, segue o link da promotora do evento no facebook: https://www.facebook.com/morrodeamores/ 

O Telégrafo Chappe


Trecho extraído de: ROUSSEAU, Pierre. História da Velocidade. Lisboa/Portugal: Publicações Europa-América, 1946, 2a. ed., p. 106-109.

"Um dia, dois irmãos, internados em dois colégios diferentes e desolados de não poderem manter contacto, imaginaram um código de sinais, que transmitiam cada qual na sua janela, e o telégrafo estava inventado. E eis por que a estátua do inventor Claude Chappe se erguia na Avenida Saint-Germain, em Paris, antes do seu rapto feito pelos alemães. Mas fazer de Claude Chappe o inventor do telégrafo, é quase como atribuir a Copérnico a paternidade do sistema celeste heliocêntrico - esquecendo Aristarco - e a Luís Lumière a do cinema - esquecendo Marey. De maneira que, ao lado do bronze desengonçado que erguia para o Céu os seus braços desarticulados, podiam muito bem ter erigido um monumento a Hooke, a Lesage ou a Amontons.

É que o telégrafo não é uma coisa recente. Não conta Ésquilo que Agaménon comunicou a Clitemnestro a conquista de Troia por meio de braseiros acesos de espaço a espaço? Não falam Tucídides e Pausânias das notícias por meio de fogos que brilhavam no alto de torres? E não se diz que em Roma, na muralha de Sétimo Severo, se encontravam tubos acústicos que serviam para estabelecer comunicação entre os postos militares escalonados de milha em milha?

Eram sem dúvida, processos muito primitivos, mas não vemos os selvagens empregar ainda nos nossos dias o tam-tam, o que lhes permite divulgar mensagens com uma espantosa rapidez? Portanto, logo, muito cedo, o Homem se deu conta de que, para transmitir sinais, a luz era preferível ao som. Por isso, Hooke, contemporâneo de Newton, imaginou um aparelho no qual se inçavam, uma após outra, letras do alfabeto: não era um processo rápido e era tão pouco prático como o sistema desse general prussiano que fazia manobrar um regimento inteiro, do qual cada homem fazia sinais com os braços.

A primeira experiência verdadeiramente séria realizou-se em 1690, em Paris, no Luxemburgo, sob o patrocínio do Delfim e da sua amante, a gorda menina Choin. O autor da experiência era Guilherme Amontons e Fontenelle expõe assim o seu processo: <<O segredo consistia em colocar em vários postos sucessivos pessoas que, por meio de óculos de grande alcance, se apercebiam de certos sinais do posto precedente, os transmitiam ao seguinte e assim sempre sucessivamente, e estes diferentes sinais eram tantas outras letras de um alfabeto...>>. Mas esta engenhosa invenção foi considerada como uma brincadeira e caiu no esquecimento. Não teve melhor sorte, cem anos mais tarde, em 1782, o sistema do genebrino Lesage: era, com meio século de avanço, um telégrafo eléctrico. Compunha-se de 24 fios isolados, cada um dos quais correspondia a uma letra do alfabeto; em frente de cada extremidade estava suspensa uma pequena bola de miolo de sabugueiro; quando a corrente vinha de um lado, a bola era impelida para o outro lado, e conseguia-se transmitir utilizando um fio após outro. Estava habilmente concebido, mas a técnica ainda não estava amadurecida,e ficava por vencer uma importante etapa antes que víssemos estender de cidade em cidade a rede infinita dos fios telegráficos.

Foi em 1791 que Claude Chappe estabeleceu em Paris, junto à Porta d'Etoile, o seu primeiro telégrafo. Com as suas gesticulações bizarras a máquina intrigou o público, que a quebrou. Encorajado pela Assembléia Legislativa, o inventor reconstruiu-a em Ménilmontant, em casa de Lepelletier de Saint-Fargeau. Não teve melhor fortuna: crendo que se tratava de um meio de comunicação entre Luís XVI, então na prisão do Templo, e os seus partidários, o povo lançou-lhe fogo. Mas Chappe não perdeu a coragem; reconstituiu o seu aparelho, estabeleceu um outro em Saint-Martin-du-Testre, localidade situada a 35 quilómetros de distância, e a troca de mensagens entre os dois realizou-se com pleno sucesso. Chappe foi nomeado imediatamente engenheiro-telegráfico, com 5 libras e 10 soldos de vencimento diário, e encarregado de organizar um linha de Paris a Lille.

Isto passava-se em 1793. O aparelho de Chappe era, como mostra a figura 32, um suporte vertical no cimo do qual três barras accionadas por roldanas podiam tomar diversas posições. Cada uma delas correspondia a um sinal. Havia, entre Paris e Lille, 16 estações, a 14 quilómetros umas das outras. A primeira mensagem transmitida foi lida por Carnot na Convenção. <<Era a notícia de uma vitória: A cidade de Condé entregou-se às forças da República: a rendição teve lugar esta manhã às 6 horas>>. Considerai o entusiasmo da Assembléia, e a alegria com a qual os funcionários das estações deviam ter transmitido uns aos outros a resposta: <<O exército vitorioso bem merece a gratidão da pátria>>.

Sómente em 1852 começaram, de facto, a desaparecer das torres, no cimo das colinas, os grandes braços em movimento que transmitiam silenciosamente as suas mensagens. O telégrafo de sinais não era todavia suprimido; os sinais feitos com os braços ainda hoje utilizados no exército não são uma espécie de sistema de Chappe, do mesmo modo que as bandeiras que, dispostas de certas maneiras, permitem aos navios comunicar uns com os outros? A T.S.F. não conseguiu eliminar estes métodos rudimentares, e não é impossível que os pequenos postos perdidos nos confins do Sáara, conversem ainda, por meio de sinais luminosos, obtidos reenviando os raios solares por um jogo de espelhos."

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Leandro Karnal estará em Pelotas em julho


Leandro Karnal, professor doutor de História da América da Universidade Estadual de Campinas, estará em Pelotas no dia 06 de julho, no Theatro Guarany, em Pelotas, proferindo a palestra "A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida". O evento é promovido pela Applaus (página no facebook) e tem início às 19h30min com a palestra de Othon Gama que tem como tema "Você Aceita Mudar o Brasil?". 

Os ingressos para o evento estão disponíveis no link a seguir: https://minhaentrada.com.br/evento/leandro-karnal-em-pelotas-7095


segunda-feira, 5 de junho de 2017

A História da Feijoada


Trecho extraído de: NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do Brasil. São Paulo: Leya, 2011, 2a. ed., p. 162

"Um fenômeno muito parecido com o da folclorização do samba aconteceu com a feijoada. O prato ganhou a cara de comida de negros, mesmo tendo pouquíssima influência africana. Muita gente repete que a feijoada nasceu nas senzalas, criada pelos escravos com feijão e carnes desprezadas na casa-grande. Eis um daqueles mitos que de tão repetidos se tornam difíceis de derrubar. A feijoada tem origem europeia. Quem diz é o próprio folclorista Câmara Cascudo.

Conforme o que ele conta no livro História da Alimentação no Brasil, nem índios nem negros tinham o hábito de misturar feijão com carnes. A técnica de preparo vem de mais longe: o Império Romano. Desde a Antiguidade os europeus latinos fazem cozidos de misturas de legumes e carnes. Cada região de influência romana adotou sua variação: o cozido português, a paella espanhola, o bollito misto do norte da Itália. O cassoulet, da França, criado no século 14, é parecidíssimo com a feijoada: feito com feijão branco, linguiça, salsicha e carne de porco. Com o feijão preto, espécie nativa da América que os europeus adoraram, o prato virou atração entre os brasileiros mais endinheirados. A citação mais antiga que restou sobre a feijoada mostra a refeição bem longe das senzalas. No Diário de Pernambuco de 7 de agosto de 1833, o elegante Hotel Théâtre, de Recife, informa sua nova atração das quintas-feiras: 'Feijoada à brasileira."

sábado, 3 de junho de 2017

Significado e origem de sobrenomes alemães - Parte 58


876. Peglow: sobrenome toponímico referente à aldeia de Gogolewo (nome alemão Pegelow), município de Marianowo, distrito de Starogard, Pomerânia Ocidental, Polônia. Designa portanto a pessoa procedente desta localidade. É tipicamente pomerano.
Variantes:
Pegelow, Pekelow, Peklow, Pegelau, Peglau - variantes comuns.

877. Rhein: sobrenome toponímico que significa procedente do Reno (rio). O rio Reno é um dos principais rios europeus, cuja nascente se encontra nos Alpes, no cantão suíço de Grisões. De importância histórica, cultural, econômica, geográfica enorme na Alemanha, corta o país em sua metade ocidental, de norte a sul. Na Alemanha, o sobrenome se concentra principalmente no oeste do país, com pequena concentração no norte de Baden-Württemberg e sudeste da Renânia-Palatinado. Data aproximadamente do século XVI.
Variantes:
Rein - variante simples.
Rain, Rhain - variantes comuns, também encontradas no dialeto romanche.
Rhin - variante na língua francesa.
Reno - variante na língua italiana.
Rijn - variante na língua holandesa.
Rheiner, Reiner, Rainer, Rhainer - variantes derivadas.

878. Dombrowski: sobrenome toponímico germanizado do original polaco Dabrowski, que significa procedente de Dabrowka. Dabrowka é um nome de lugar muitíssimo comum na Polônia, se repetindo mais de 100 vezes em diferentes províncias. O topônimo também pode ser encontrado na Ucrânia, República Tcheca e Lituânia. Também pode ser um toponímico de Dabrowa - outro nome de lugar extremamente comum na Polônia (igualmente mais de 100 locais diferentes). Tanto Dabrowka quanto Dabrowa significam corneta
Na Alemanha, a forma Dabrowski é encontrada desde 1386. A forma Dombrowski é atestada primeiramente em 1674.
Domborwski na Alemanha é um sobrenome concentrado no norte, principalmente no noroeste da Saxônia-Anhalt, sul da Baixa Saxônia e centro e centro-norte de Mecklemburgo-Pomerânia.
Variantes:
Dabrowski - variante polaca imediata.
Dombrowsky, Dombrovsky, Dombrovski - variantes comuns.
Dabrowsky - variante polaca anglicizada nas Américas.
Dombrovskis - variante comum na região do Báltico.
Dumbrowski - variante encontrada no norte da Polônia.

879. Kolmar: sobrenome toponímico que significa procedente de Kolmar ou procedente de Kollmar. No caso, o topônimo pode se referenciar a diferentes locais, os quais:
1. O município de Kollmar, no distrito de Steinburg, Schleswig-Holstein, Alemanha.
2. O antigo condado de Kolmar (ou Colmar), na Alsácia-Lorena.
3. Um antigo condado denominado de Kolmar-in-Posen, que existiu entre 1821 e 1920, onde hoje se encontra a cidade de Chodziez, província da Grande Polônia, Polônia.
Na Alemanha, o sobrenome encontra-se distribuído no oeste e no norte do país, com pequena concentração na região de Berlim e Brandemburgo.
Variantes:
Kollmar - variante comum.
Colmar, Collmar - variante mais comum nas zonas próximas à fronteira franco-alemã, com concentração no Sarre.
Kulmer, Kullmer, Kulmar, Kullmar, Külmer, Kuelmer - variantes do oeste da Alemanha, com concentração no Sarre, Renânia-Palatinado e norte de Baden-Württemberg.
Kolmer, Kollmer - variante encontrada no centro-sul da Alemanha.

880. Bosenbecker (1a. vertente): sobrenome poligenético que significa aproximadamente padeiro ruim, padeiro fraco. É uma aglutinação dos termos do alto alemão medieval bose (ruim, fraco, inútil) e becke (pão, frumento). A forma Bosenbecker e a maioria de suas variantes indicam uma origem comum na antiga Prússia.
Bosenbecker (2a. vertente): sobrenome toponímico relacionado a Bosenbach - um município no distrito de Kusel, Renânia-Palatinado. A derivação correta é Bosenbacher. A forma Bosenbecker seria também uma aliteração encontrada no leste.
Variantes:
Bosenbeck, Bosembeck - variantes curtas.
Bosembecker, Bosenbecke, Bosembecke, Bozenbecker, Bozenbecke - variantes comuns.
Bosembacher, Bosenbach, Bosembach, Bosenbacker, Bosembacker - outras variantes.

881. Wortmann: sobrenome poligenético que significa homem que vive num monte. Essa versão é sustentada por Hans Markus Thomsen. Mais especificamente pode designar uma atribuição específica do contexto feudal a uma pessoa dentro da comunidade aldeã que habita numa elevação para vigiar tempestades que podem ocasionar inundações em zonas mais baixas. No noroeste da Alemanha, por exemplo, é comum encontrar antigas casas em montes dentro de uma comunidade que se assemelham a pontos de sentinela. O wortmann também poderia estar encarregado de avisar sobre possíveis invasões.
O sobrenome é resultado da aglutinação dos termos wurt (monte, morro, colina) e mann (homem).
Woortmann também pode estar associado à palavra do alto alemão medieval woord que significa o centro de uma cidade ou aldeia. 
Em ambas as acepções, o significado é convergente, pois várias cidadelas alemãs possui o seu "centro histórico" em zonas mais elevadas.
O sobrenome está concentrado no oeste da Alemanha, com forte ocorrência em toda a Renânia do Norte-Westfália. Data do século XV.
Variantes:
Wortman - variante comum.
Wurtmann, Wurtman, Wurthmann, Wurthman, Würtmann, Würtman, Würthmann, Würthman, Wuertmann, Wuertman, Wuerthmann, Wuerthman - variantes comuns.
Würth, Wuerth, Wurth, Würt, Wurt, Wuert - variantes curtas que significam monte.
Woordmann, Woordman - variantes arcaicas.
Woortmann, Woortman - variantes longas próprias do noroeste da Alemanha e Países Baixos.
Worde - variante encontrada em Herzfeld.
Worden - variante encontrada em Werne.
Wordemette- variante encontrada em Welbergen.
Wordemann - variante encontrada em Dülmen, Everswinkel, Goldenstedt, Harsewinkel, Nordkirchen, Selm, Stromberg, Warendorf e Werne.
Wordemanns - variante encontrada em Harsewinkel e Warendorf.
Worden - variante encontrada em Dolberg, Dülmen, Rheine e Welbergen.
Wordt - variante encontrada em Darfeld e Havixbeck.
Wort - variante curta encontrada em Amelsbüren, Borken, Darup, Dülmen, Haltern-am-See, Havixbeck, Hebern, Legden, Nordwalde Rheine e Vreden.
Wortbroke - variante encontrada em Billerbeck.
Worth - variante encontrada em Dülmen.
Worthenneke - variante encontrada em Herzfeld.
Wöhren, Wöhrden - variantes do noroeste e centro-norte da Alemanha.
Worthmann - variante encontrada na Baixa Saxônia e Renânia do Norte-Westfália.
Vortmann - variante do sul da Alemanha, Suíça e Áustria.
Fortmann - variante considerada uma aliteração comum a imigrantes alemães nas Américas.

882. Bohr: sobrenome com três acepções possíveis:
1. Uma forma patronímica curta do nome eslavo Borislav ou Boris;
2. Uma derivação do antigo termo eslavo borti que significa lutador, guerreiro;
3. Um profissional que usa ou trabalha com brocas, o que no contexto da Idade Média, aponta para um profissional moveleiro.
Na Alemanha, o sobrenome se concentra na Renânia-Palatinado e Sarre. Data do século XI.
Variantes:
Boro - variante arcaica.
Borisen, Borisch - variantes arcaicas encontradas no norte e leste da Alemanha.
Bohrer, Borer - variantes derivadas do norte da Alemanha.
Börer, Böhre, Bohre, Bohren, Bohrin, Böhrer, Boehr, Boehrer, Boehre - variantes relacionadas.
Boer - variante incerta.

883. Klump: sobrenome poligenético com quatro interpretações possíveis:
1. No alto alemão medieval, uma forma para designar caroço, coisa aglomerada, sendo figurativamente usado para designar homem áspero ou corpulento;
2. Também pode corresponder a torrão, pilha, podendo designar alguém que mora ao lado de um torrão ou pilha, ou ainda alguém que empilha algo (mormente um lenhador ou telheiro);
3. Uma forma na área do baixo alemão para designar moita;
4. Um toponímico para o nome de lugar Klump - que se repete quatro vezes na Alemanha.
5. No norte da Alemanha, uma forma regional para designar torta (de comer).
O sobrenome concentra-se no norte da Alemanha e data do século XV.
Variantes:
Klumb - variante simples.
Klumpp, Klumbb, Klumpe, Klumpen, Klumben - variantes relacionadas.

884. Rieth: sobrenome que pode ser um metanímico ou toponímico, com maior possibilidade no segundo caso. Rieth é um nome de lugar que se repete três vezes na Alemanha:
1. Um distrito de Erfurt, Turíngia.
2. Um distrito de Luckow, Mecklemburgo-Pomerânia.
3. Um distrito de Hildburghausen, Turíngia.
Quanto ao seu significado metanímico, o termo pode derivar como uma aliteração do termo "reet" ou "riet" que no baixo alemão quer dizer pântano, zona alagadiça.
Ocorre principalmente no sul do Hesse, centro-noroeste de Baden-Württemberg e sul da Renânia-Palatinado.
Variantes:
Riet, Riett, Rieth, Reet, Reith, Reeth - variantes relacionadas.





Museu Histórico Farroupilha promove concurso de fotografias


O Museu Histórico Farroupilha, de Piratini/RS, promove entre 03 de junho e 03 de julho de 2017 o concurso de fotografias "O Singelo no Pampa Gaúcho". O concurso se divide em duas categorias: amador e profissional.  As fotos devem ser inéditas. A premiação do concurso ocorrerá no dia 08 de julho, às 15 horas, no Museu Histórico Farroupilha, em Piratini.

Para maiores informações, com o edital e a ficha de inscrição do concurso, acesse o link: http://mhfarroupilha.blogspot.com.br/2017/06/edital-012017-concurso-defotografias-1.html