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domingo, 18 de dezembro de 2016

Histórias Curiosas XXXIX

Para o turista brasileiro e, mais especificamente, o turista gaúcho que visita a República Oriental do Uruguay, é sabido que os produtos vendidos nos free-shop's na fronteira possuem valores bem atrativos. Eletrônicos, perfumes, bebidas alcoólicas, alguns itens de vestuário saem uma pechincha no país vizinho. Todavia, o avesso da moeda para o sujeito que vai gastar no Uruguay é a alimentação. Para o brasileiro, um simples lanche ou refeição mais frugal custa caro, mesmo no interior do país, longe das praias ou da capital. Por isso, quem pretende fazer turismo no Uruguay, prepare-se para preços módicos para serviços, hotelaria e outros itens, mas procure ser econômico na alimentação.

Pois bem, um conhecido local em visita ao país vizinho, se hospedou numa pousada num balneário muito próximo ao Forte Santa Teresa - onde já havia visitado. Seu planejamento era aproveitar quatro dias de praia no verão com a família (ele, sua esposa e mais os dois filhos). Desfrutaram a beleza da região, mas logo notaram esse detalhe da alimentação mais cara. Entretanto, como já estava preparado para gastar, não se importou muito. 

Foi então que, durante os dias de sua estadia, a família resolveu conhecer uma espécie de mini-jardim zoológico que havia próximo ao balneário. Organizaram-se e passaram quase uma manhã inteira fotografando os bichos. Por volta do meio-dia, resolveram não voltar à pousada e almoçar num restaurante ali por perto mesmo. Chegaram a uma vila muito bem cuidada, com inúmeras casas de veraneio e perceberam que havia restaurantes e outros pontos de alimentação no lugar. Escolheram almoçar num restaurante que oferecia frutos do mar e possuía até uma decoração náutica bem característica. Muito bem tratados, fartaram-se com o almoço oferecido e aproveitaram até a sobremesa. Na hora de pagar a conta, o garçom traz a minuta com os valores da comida e bebida e um acréscimo de 10%, o que fazia o valor total aumentar além do esperado. O brasileiro indignado reclama aquele acréscimo e tenta entender o que seriam aqueles 10% a mais nos valores que tinham consumido. O garçom imediatamente com muita educação explica:

- La proprina, señor! La propina!

Foi daí que o brasileiro ficou mais indignado ainda. Nega-se a pagar a conta e pede para falar com o gerente. O garçom surpreso obedece e se dirige à parte interna do restaurante para chamar alguém. Neste meio-tempo, o brasileiro comenta com a esposa:

- Esse garçom fdp me aprontou alguma! Que negócio é esse de vir me pedir propina?! Esse camarada vai ser demitido ainda hoje! Cara-de-pau! Eu pago minhas contas sempre direito, comigo pau é pau, pedra é pedra. O canalha quer levar um por fora sem o patrão saber.

O gerente (administrador do restaurante) aparece e atende educadamente o brasileiro. Este por sua vez tenta num portunhol arrastado explicar sua inconformidade. O gerente antecipa que ele pode falar em português, pois é uma língua que domina. Ouvidas as reclamações, o gerente consegue acalmar o brasileiro, que termina todo sem jeito e envergonhado. Propina em espanhol nada mais é do que a nossa popular gorjeta. 

As diferenças entre o português e o espanhol já foram tema de outra história curiosa publicada aqui no blog, leia: Histórias Curiosas XXXV