Entre 2004 e 2008, eu na condição de pesquisador e depois colunista do Jornal Tradição, talvez tenha entrevistado mais de 100 pessoas moradoras de Capão do Leão para, por meio de suas histórias de vida, poder contar a história local. Muita coisa eu transcrevi em textos, outras eu tinha gravado em fita cassete e uma pequena parte em cd-rom com áudios oriundos daqueles primeiros celulares que tinham o tal recurso. Infelizmente, eu perdi muito material na fatídica enchente do verão de 2009. Todavia, aquelas que possivelmente eu pude recuperar, revisitando arquivos antigos, pretendo compartilhá-lhas aqui no blog com todo o respeito e deferência que merecem.
Entrevista com o Sr. Paulo
Ribeiro
Realizada pelo autor em
19-05-2006
Referência: Antiga
Subprefeitura do Capão do Leão
“O Sr. Paulo Ribeiro argumenta, no
início desta entrevista, que talvez não saiba muita coisa a respeito do prédio
que abrigou a antiga subprefeitura do Capão do Leão. Diz que comentou isso com
o Patrão do CTG Tropeiros do Sul, o Sr. João Luís Villar e, particularmente,
acredita que este saiba mais a respeito, aliás, por ter sido morador daquela
casa. Entretanto, mostrou-se solícito e afirmou que iria ajudar com o que
podia.
A primeira pergunta foi se ele era
do Capão do Leão. O Sr. Paulo responde que se criou na Hidráulica, mas morou e
mora na sede atualmente. Veio em 1973 para a sede quando foi contratado como
motorista da subprefeitura, na época do subprefeito Sidney Brião. Acrescenta
que este não terminou o período que deveria cumprir – ‘saiu antes’ -, sendo
sucedido por Rui Victória. Em seguida, por volta de 1974 ou 1975, a sede da
subprefeitura foi transferida do prédio antigo (do CTG, atualmente) para o
atual prédio da Secretaria de Educação.
Inquirido sobre os funcionários que
ele conheceu trabalhando na subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro enumera os
seguintes: Leopoldo Martins da Luz, Hugo Albuquerque, Júlio Knopp, Manoelzinho,
Osmar Müller, motorista mais antigo e Olício da Silva, sogro de Jalcy Azambuja.
Passando ao prédio da antiga
subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro relata a existência, ao lado da figueira, de
uma casa de material muito antiga. ‘Casa grande’ – segundo sua exclamação.
Relata também a existência de galpões no entorno do prédio e que continuaram
funcionando mesmo após ter sido realizada a transferência da subprefeitura para
a atual Avenida Narciso Silva. Solicitado sobre informações sobre a
funcionalidade da subprefeitura, o Sr. Paulo Ribeiro esclarece que se utilizava
aquela repartição para pagamento de imposto predial, no caso, os moradores do
Capão do Leão. A subprefeitura, no que tange aquilo de concreto que fazia no
distrito, isto incluía a manutenção de estradas e serviços na zona rural.
Retornando sobre a questão do entorno da casa, o Sr. Paulo acrescentou que
havia uma proteção que ia da ‘última’ paineira (no caso, à esquerda) até onde
se encontra, atualmente, a cozinha do CTG Tropeiros do Sul. No tocante à rua
que dá hoje acesso ao CTG (saguão), ele finaliza afirmando que se trata da
mesma.
Outro aspecto importante lembrado
pelo Sr. Paulo é o fato que o Sr. João Viegas fora o último a acumular as
funções de subprefeito e subdelegado, tendo sido posteriormente separadas estas
funções por uma lei que passou a vigorar na época. Sobre a disposição interna
da casa, o Sr. Paulo lembra-se do assoalho de madeira e do forro. Recorda-se
também da primeira sala, que servia para o atendimento da população e da sala à
direita, gabinete do subprefeito. Nas peças dos fundos, morava o Sr. Hugo
Albuquerque. Havia uma divisória para que as peças fossem separadas. Isto é,
quem precisava entrar na repartição pública acessava o local pela frente
(porta) sem ter que depender do Sr. Hugo Albuquerque. Para complementar, todos
os funcionários da subprefeitura atendiam o público na repartição.
Concluindo, perguntei ao Sr. Paulo
como era o movimento dos trabalhadores no subdistrito. Ele relata que
manifestações, naquela época, nem podiam e mesmo quando se fazia, o ‘pessoal’
preferia ir a Pelotas fazer.”