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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Os doces de Pelotas na mesa de Dom Pedro II

Trecho extraído de: CALMON, Pedro. Princesa Isabel "A Redentora". Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1941, p. 55.

Nota do autor do blog: curioso registro da presença dos doces pelotenses na visita do Imperador Dom Pedro II à Caçapava, um dos seus destinos de viagem, logo após a eclosão da Guerra do Paraguay, quando sua Majestade Imperial veio ao Rio Grande do Sul. Isso aconteceu em 1865, o que indica que já naquela época os doces produzidos em Pelotas possuíam alguma fama, a ponto de se dizer que "resplandeciam" sobre a mesa farta.


 "Foi em 15 de agosto que chegou a Caçapava, unindo-se ao Imperador.
   O contraste de temperamentos começou aí a definir-se.
   Com a independência de sua observação de forasteiro o príncipe espantava-se dos erros, achava a guerra desordenada, arrepelava-se de surpresas tristes.
   D. Pedro II não tinha tempo para divagações: mandava, concitava, corrigia - de chapéu desabado, o "poncho" agaloado sobre os ombros, de botas altas como um gaúcho loiro e enorme a quem os capitães guascas, de chilenas retinindo na estrada, saudavam com assombro.
   Hospedara-o um deles com fartura de mesa em que resplandeciam os doces de Pelotas, os manjares finos... O Imperador, que tinha fome, pediu feijão e carne. Explodiu a surpresa do súdito: - Que! Pois vossa majestade come carne?! Disseram-me que as pessoas reais só se tratavam a bicos de rouxinol e doces e pasteizinhos... Porque não disse antes, senhor?... Com trezentos diabos!... Ora esta!..." E serviu-lhe o churrasco.
"