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Tatu-mulita |
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Espécie de morcego mais comum no Rio Grande do Sul |
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Graxaim-do-campo ou Sorro |
Trechos extraídos de: ISLAS, Camila Alvez. Identificação da mastofauna de médio e grande porte e suas relações com moradores no entorno da UFPel, Capão do Leão, RS. Capão do Leão/RS: Monografia (Conclusão de curso), Faculdade de Ciências Biológicas, Instituto de Biologia/UFPel, 2013.
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Graxaim-do-mato |
"A percepção coletiva da comunidade sobre os mamíferos silvestres baseia-se
nas mais diversas situações. Cada animal apresenta uma relação diferenciada,
sendo que o mesmo animal pode despertar mais de um tipo de percepção ou
relação com os moradores. Primeiramente, percebe-se que os animais possuem
diferentes nomes populares. Alguns até mesmo geram confusão, como a “Raposa”,
que ora refere-se ao graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) ou graxaim-do-mato
(Cerdocyon thous), ora refere-se ao gambá (Didelphis albiventris). Conhecer os nomes
populares dos animais é fundamental para o desenvolvimento de atividades
educativas ou de material educativo, pois a população deve entender e sentir-se
familiarizada com os animais (SAIKI; GUIDO; CUNHA, 2009). Não é interessante
utilizar o termo “Graxaim”, por exemplo, para uma localidade
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Gambá-de-orelha-branca |
onde as pessoas o
conhecem, apenas, como “Sorro”.
Embora os entrevistados saibam diferenciar os mamíferos silvestres da
região, detalhes específicos que diferenciam espécie do mesmo morfotipo, não são
percebidos nos casos de animais como os canídeos e felídeos da região. No
exemplo do gato-do-mato, são conhecidas três espécies desse animal para a região
(MAZIM; DIAS; SCHLEE JR., 2004), porém os moradores chamam qualquer uma
das espécies de gato-do-mato ou jaguatirica, sendo que este último é o nome popular de apenas uma das três espécies, Leopardus pardalis.
Para uma melhor exemplificação dos locais onde os animais são avistados na
região, a Fig. 11 apresenta um mapa das áreas de estudo, onde os locais citados
pelos entrevistados estão identificados por números, discriminando suas
nomenclaturas populares na legenda da figura.
Um dos conflitos comuns citados é o hábito de alimentar-se de animais
domésticos, pois, novamente, os mamíferos silvestres são identificados pela sua
ocorrência nos galinheiros da região.
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Leopardus pardalis |
Os sujeitos reconhecem os mamíferos
silvestres como dispersores de sementes de coqueiros nativos, ocorrência registrada
por Avila (2011) no HBITL.
O zorrilho (Conepatus chinga) e o gambá causam dúvida na população, que não
consegue definir qual destas espécies de animais que possuí o odor ruim
característico, que alguns acreditam ser decorrente da urina. Esta confusão é
comum por que alguns veículos de comunicação, principalmente os televisivos,
apresentam uma espécie norte americana com característica de odor desagradável
e que, visualmente, assemelha-se ao zorrilho, com o nome de gambá
(especialmente em desenhos animados). Assim, a população desenvolve a ideia errônea de que o gambá tem aparência e características de zorrilho, muitas vezes
sequer tomando conhecimento da aparência que possui um gambá regional.
Animais como o ouriço e o mão-pelada (Procyon cancrivorus) são citados como
animais que eram avistados em épocas anteriores. Destaca-se essa informação por
apontar uma probabilidade de redução nas populações destes animais na região.
Salienta-se que o mão-pelada foi encontrado no levantamento de mamíferos deste
trabalho.
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Zorrilho |
O gambá é reconhecido como um animal sinantrópico, que tem muito contato
com as pessoas, o que causa uma série de conflitos como será discutido a seguir. A
característica deste animal ser um marsupial e possuir uma bolsa para carregar seus
filhotes é conhecida pelos entrevistados, demonstrando novamente um
conhecimento mais específico sobre a biologia destes animais. Cabe salientar que o
gambá não é tão conhecido por este nome (como já foi dito o zorrilho é chamado de
gambá), mas sim como raposa.
Uma informação que merece atenção é a de que existem alguns espécimes
de cervos que são relatados pelos moradores. A questão é que existe a dúvida se
estes animais são nativos da região ou se são animais que viviam em cativeiro e acabaram fugindo, pois há relatos de moradores que os criavam como animais de
estimação. A família Cervidae teve registros no levantamento de mamíferos na
região, porém são necessários maiores estudos sobre suas populações.
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Mão-pelada |
As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e os ratões-do-banhado (Myocastor coypus) são animais citados por terem explosões populacionais durante as
enchentes, informação que deve ser levada em conta para o manejo, já que nestes
períodos podem entrar em conflito com a população. Esta informação se mostra
importante na tomada de decisão de órgãos ambientais, que, quando necessitam de
informações imediatas podem utilizar o conhecimento da população para realizar o
controle populacional das espécies.
Na análise quantitativa das expressões, percebe-se que a maior parte dos
sujeitos relata que os animais silvestres aparecem (Fig. 12), confirmando a ideia
presente neste DSC.
O DSC2 reflete o discurso dos moradores que não percebem os mamíferos
silvestres no entorno de suas casas e nas matas da região. É inquestionável que os
mamíferos ocorrem na área, no entanto, é possível que algumas espécies silvestres
sinantrópicas estejam presentes apenas durante a noite próximas das moradias.
Além disso, fatores ambientais que diferem entre as residências, especialmente
ausência das fontes de alimento já citadas e presença de cães, não permitam sua
presença em algumas das casas, ou simplesmente esses moradores dispensem
menor atenção à presença de animais ou aos ecossistemas do entorno." (p. 44-47)
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Ratão-do-banhado |
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Capivara |
(...)
"A partir da tabela podemos perceber que alguns animais que não foram
encontrados durante o levantamento de mamíferos são citados pelos entrevistados como, por exemplo, Sphiggurus spinosus (ouriço-cacheiro) e Galictis cuja (furão). Com
esses animais ocorrem as seguintes situações: podem existir em pequenas
populações; não existir mais, devido à caça e a fragmentação de habitat; ou nunca
ter estabelecido populações nas áreas estudadas (MAZIM; DIAS; SCHLEE JR,
2004).
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Ouriço-cacheiro |
Myocastor coypus (ratão-do-banhado), Lontra longicaudis (lontra), Chiroptera
(morcegos) e Cavia sp. (preá) são espécies que provavelmente existam nos locais de
estudos, porém como não foram utilizadas metodologias específicas para mamíferos
aquáticos, mamíferos voadores e pequenos mamíferos, não se obteve registros
destas espécies. Para informações mais detalhadas sobre populações destes
animais é necessário um estudo de campo mais aprofundado, porém, a partir do
relato dos moradores, já é possível desenvolver hipóteses sobre a existência destes
animais nos locais de estudo.
Também se percebe que embora alguns animais como Didelphis albiventris
(gambá-de-orelha-branca) e Hydrochoerus hydrochaeris (capivara) tenham sido pouco
registrados no levantamento de mamíferos, são muito citados entre os entrevistados.
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Lontra sul-americana |
Esse resultado nos mostra que mesmo que estes animais sejam aparentemente
pouco abundantes nas matas de região, aparecem próximo às residências. A
capivara é um animal de banhado, por isso foi pouco encontrada nas parcelas de
areia, porém o gambá é considerado sinantrópico e de hábitos alimentares
generalista (ALÉSSIO; PONTES; SILVA, 2005) Esse comportamento propicia mais
conflitos com os moradores, pois como foi visto anteriormente o gambá-de-orelha branca é o animal mais citado em conflitos com a razão principal de ataques aos
galinheiros.
Quando se observam os dados referentes à Dasypodidae (tatu), Canidae
(sorro) e Procyon cancrivorus (mão-pelada), percebe-se que obtiveram muito mais
registros na pesquisa de campo do que citações nas entrevistas. Isto provavelmente
decorre do fato destes animais apresentarem hábitos noturnos e serem menos
tolerantes à presença humana (MARQUES-
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Preá
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AGUIAR et al., 2002).
Consequentemente, são animais menos citados em conflitos com os moradores.
Estas informações são importantes para determinar quais espécies são mais
envolvidas em conflitos com a população e assim, definir ações educativas que
busquem a minimização desses conflitos." (p. 59)
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Furão |