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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Capão do Leão na década de 1940 no relato de um viajante


Extraído de: LOPES, Francisco de Paula Chirico. O Solar dos Meiras. Local indeterminado, Juvenal & Irmãos Livreiros, 1948, p. 121-123.

“Decerto, o distrito de Capão do Leão já nos fora mais agradabilíssimo em outras épocas e a Luiza preferia voltar à capital logo nos primeiros dias. Diante de minha relutância, ficamos hospedados na chácara do Dr. Fernando até que as coisas se resolvessem. (...) O Capão do Leão já teve seus tempos coroados por causa dos franceses e da grande obra da Barra do Rio Grande do Sul. Hoje, a pedra ainda faz a riqueza do lugar, assim como o aroma dos cítricos. Falava-nos o Dr. Fernando que muitos foram embora depois das enchentes que marcaram esta década. Paralelo, vieram para o lugar esta gente sarará, mista de alemães e negros, que impressiona pela pele escurecida e pinguinhos de sardas ao redor de olhos que insistem em ser verdes.[grifo nosso] No passado, o senhor gerente do hotel descia com sua Ford Machine em direção ao Fragata. Agora, os cascos de bois pisam o solo da estrada, deixando-a como uma pequena renda tradicional, com seus rococós. (...)
No domingo, após termos feito rápido e frugal lunch na casa do Dr. Fernando, eu e Luiza e nosso anfitriões subimos rumo à estação, onde havia-se preparado prodigiosa festa para receber o juiz Magalhães e seu séquito. Os meninos descalços nos ofereciam bergamotas e laranjas a preços módicos. O aroma do café também pairava no ar. Certa aristocracia do lugar recepcionava os ilustres visitantes. Isto fez as preocupações de Luiza cessar, ao menos naquele instante.
(...)
Notável obra de engenharia a Ponte do Sr. Gastaud, junto ao Teodózio. O pic-nic ali denotava ao pequeno arroio um status de local para o swinning.”