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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Histórias Curiosas XIII


Logo que houve a formação da 1ª. Câmara Municipal em Capão do Leão, tudo era novidade e os nove vereadores eleitos esforçavam-se para, juntamente com o prefeito também recém-eleito, Elberto Madruga (depois com Getúlio Victória), em fazer o possível para a estruturação e a organização do município recém-criado. Pois bem, havia inicialmente um sentimento de união entre os vereadores, pois embora houvesse a herança política do regime – cinco do PMDB e quatro do antigo PDS – o cenário era novo e tudo precisava ser colocado nos “conformes” para que a luta da emancipação não tivesse sido em vão. Muitos contatos políticos foram feitos e importantes lideranças políticas da região e do Estado estiveram na câmara interessados em auxiliar no desenvolvimento do novo município.
Foi então que, numa ocasião, os membros do Parlamento Leonense foram convidados a participar de um encontro político em Pelotas. O convite formal chega à Câmara e ocorre a leitura das correspondências. Entre um comunicado e outro, é aberto o convite. Só que o secretário da mesa (no momento) ignora o documento e passa a ler os outros subseqüentes. Um dos vereadores que compunham a sessão estranha a atitude do companheiro, pois sabia que a Câmara seria convidada para um evento político em Pelotas, bem como que o ofício já tinha sido despachado. Porém, permanece quieto, crendo que pudesse haver um motivo especial para que o secretário da mesa ignorasse o documento – quem sabe até um texto politicamente “impróprio” ou “ofensivo”.  A sessão transcorre com a pauta do dia e termina com o convite sem ser lido, amontoado junto com as outras correspondências.
O vereador que estranhara o fato do companheiro não ter lido o convite, interpela separadamente o mesmo após o fim da sessão. Revela estar preocupado diante do fato de saber que o convite para o tal encontro político tinha sido despachado para a Câmara de Capão do Leão e o companheiro não o tinha lido. Confiava na honestidade do companheiro e acreditou que na correspondência pudesse haver algo muito grave. O secretário da mesa muito calmamente responde ao companheiro:
- Não é nada, não. É que mandaram a correspondência errada!
- Errada?! O que não estava certo ali: a data, o assunto do encontro, o lugar... O quê?
- Não, não... Essa gente de Pelotas não procura saber direito da Câmara do Capão do Leão e manda as coisas com os nomes errados. Vou pedir para o meu assessor ligar prá lá e dizer que eles corrijam o destinatário!
- Ah, bom... Assim tu pelo menos me tranqüilizas, achei que era coisa “braba” no meio.
O vereador que interpelara o secretário da mesa, só para finalizar o assunto, indaga já colocando o paletó para sair:
- Mas onde foi que eles erraram?
Responde o secretário da mesa com confiança:
- Botaram o nome do Presidente da Câmara totalmente errado!
- Ah, é mesmo?! E o que foi que colocaram? – replica o outro.
O secretário não pestaneja:
- ‘Tá escrito assim: “Ao Nobre Edil, Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Capão do Leão!” Pô, será que eles não sabem que o presidente da Câmara é o Gérson Baldassari! Não tem nenhum “Edil” aqui não! Nem como suplente!
Ao outro vereador restou apenas despedir-se do colega e disfarçar um sorrisinho no canto da boca. O secretário da mesa não sabia que EDIL é sinônimo de VEREADOR!

Nota: Mas antes que se pense que esta história nomeia explicitamente uma pessoa, isto é, o secretário da Câmara no mandato legislativo de Gérson Baldassari como presidente, não foi o mesmo não! Foi justamente um vereador que o substituira na ocasião, cujo relato permaneceu como folclore no meio político leonense e eu, como pesquisador, romanceei a história, mas com intuito de “causo cultural” do que “crítica política”.