Muito famoso como bandoleiro na antiga Vila do Capão do Leão, conhecido tão somente como Bandoleiro Ramos, marcou a memória da localidade que, foi transmitida aos mais antigos, por meio daqueles conviveram com ele. Teve uma participação especial nos episódios da Revolução de 1923, como assecla do Partido Libertador de Assis Brasil. Também tinha fama de degolador – o que, deve-se considerar algo que não era, infelizmente, incomum naqueles tempos nas disputas políticas do Rio Grande do Sul.
De onde teria vindo e seu primeiro nome são incógnitas. Já ouvi José, Antônio, João ou Prudêncio, ou ainda José Prudêncio. Incertezas sobre o primeiro nome são inúmeras, contudo o sobrenome Ramos é ponto comum. E teria se destacado justamente como degolador, mas também como arregimentador de peões para o combate. Porém o que seria isso? Pelo que pude constatar pelas informações que colhi era uma pessoa encarregada de percorrer lugarejos, estâncias e fazendas, e juntamente com os chefes políticos locais reunir peões ou homens de idade adulta aptos para as pelejas. Isso é estranho, não consigo explicar direito, mas seria algo assim. Rapazotes de quinze, dezesseis anos que mal sabiam tosquiar uma ovelha eram presenteados com adagas afiadas. Entretanto, quando se arregimentava estes “combatentes” também sabia-se onde ia buscar. Muitos combateram na Revolução Federalista, outros tinham passado pelo Exército e havia até castelhanos (uruguaios) no meio das tropas desconjuntadas e sujas.
Mas voltamos ao Bandoleiro Ramos. Há a possibilidade que ele tenha trabalhado na Companhia Francesa no Cerro do Estado, depois como tanoeiro em Rio Grande, mas era alguém ligado à atividade agropastoril. Isto é: peão!
A sua primeira “proeza” teria acontecido longe daqui, em Canguçu. Diz-se que ele vivia amasiado com uma moçoila, novíssima, num rancho, como agregado de uma fazenda. Depois de certo tempo, a tal moçoila começou a sofrer assédio de um homem conhecido apenas como Coronilha. E não pensemos que assédio há oitenta, noventa anos atrás eram piadinhas ou gracejos... era tentativa de violência explícita, sobretudo em locais mais afastados, as ditas “grotas”. O Ramos ficou sabendo e jurou o Coronilha de morte. Só que o Coronilha era bandido, também com sua carga de mortes nas costas e não se deu por vencido ou procurou se afastar. Juntou uma malta de outros vagabundos e decidiu por termo à vida do Ramos. Não pela moça, mas porque importava muito na época a tal de “honra de gaúcho”. Sempre uma necessidade de demonstrar quem era mais viril.
Foi então que sabendo que iriam preparar-lhe uma emboscada, o Ramos refugiou-se num cerro e avisou que esperaria o Coronilha e sua turma lá. Tentaram, pois, cercá-lo e uns seguiram por um lado e os demais por outro. Andaram, andaram, buscaram o Ramos e nada. Mas sabiam que ele estava lá. Foi então que um deles morreu acertado por uma pedrada vinda de cima, sem ninguém saber como. Era o Ramos. Durante quatro dias, ele caçou um a um, até chegar ao Coronilha. Quando o encontrou, primeiro tirou-lhe os dedos das mãos. Em seguida o degolou.
Foi aí que começou sua fama.
Logo tem mais histórias.
Para saber mais: Lembranças Leonenses XIV