Verão seco e quentíssimo no Capão do Leão! A polvadeira da terra seca não deixava ninguém respirar direito. O sol a pino do meio-dia castigava quem tinha que sair aquela hora para trabalhar. Sendo fevereiro, normalmente as coisas no município começavam a voltar ao normal, depois das costumeiras férias de janeiro (é verdade que alguns tiram férias em fevereiro ou mesmo no inverno, mas isso não nos interessa). A Câmara de Vereadores faz seu recesso em janeiro e volta em fevereiro, por exemplo. E quando volta já decide quem será naquele ano o novo presidente da casa. O mais comum é haver um acerto prévio e a eleição ser apenas um protocolo. O fato é que se escolheu um distinto vereador para ocupar a presidência da casa e preparou-se a sua posse. O próprio fez questão de convidar correligionários, autoridades e meios de comunicação para prestigiar a cerimônia. E este esforço surtiu efeito. De fato, no dia da posse do novo presidente do Legislativo, a casa estava cheia. E foi justamente num dia de muito calor. Imagine-se um monte de gente apinhada (pelo menos mais de 30) no plenário que é pequeno e não comporta mais do que 12 pessoas aproximadamente na platéia. Mesmo assim o ato ocorreu. Discursos de parte a parte, todos procuravam se refrescar tomando bastante água ou outro líquido gelado. Enquanto isso, na assistência, um vereador que tinha cedido a sua cadeira na bancada para uma autoridade convidada, tomava água mineral numa garrafinha pet com grande afã, fazendo do objeto quase que uma mamadeira. Ao seu lado, encontrava-se uma nobre deputada que aguardava a sua vez de ocupar a tribuna, também bebendo água mineral, só que de modo mais recatado: entornava o líquido da garrafinha num copo plástico descartável. A sessão transcorreu e chegou a hora da deputada dar seus parabéns ao novo presidente da Câmara, sendo convidada a passar a tribuna. Iniciando seu discurso, sentira sua garganta secar e foi tentar colocar água novamente no copo que pousara na tribuna, mas percebera que a água tinha acabado. O vereador da assistência que acompanhara a sessão tomando sua água na "garrafinha-mamadeira" não se fez de rogado: prontamente correu até a tribuna e encheu o copo da deputada com um "restinho" que ainda tinha.
A deputada é claro recusou. A história se espalhou e o solidário vereador teve que agüentar durante algumas semanas o incômodo apelido de "Chupetinha".
Na área onde atualmente se encontra o Frigorífico Mercosul, que foi do Frigorífico Rio-Pel anteriormente, antes da data de inauguração deste último (1977), pertencia ao Srs. Antônio Britto e Lourival Lopes, que foram grandes orizicultores naquela região. Vários moradores do bairro Jardim América e do Corredor da Embrapa trabalhavam ali.
Armazém J. Porto, do Sr. José Ary Porto, no Loteamento Zona Sul, que hoje compreende a Churrascaria Princesa, no mesmo local. Foi o primeiro comércio daquela área, dado o Sr. Ary ter se estabelecido no loteamento em 1980.
A planta original do bairro Jardim América, datada do início da década de 1950, nada mais é que o mesmo projeto do Balneário de Piriapólis, no Uruguay. Em ambos os casos o arquiteto que fez o desenho, Renato Salvini, pretendia a criação de áreas residenciais modernas, com muitas áreas verdes e, seguindo a tendência urbanística da época, com traçados que parecessem "obras de arte", de linhas sinuosas e convergentes. Seguramente, Piriapólis teve mais sorte em termos infra-estruturais que o bairro Jardim América, até mesmo que, embora idênticas, as duas formações urbanas atendiam a finalidades diferentes: no balneário uruguaio, o turismo; em Pelotas, um bairro popular longe da zona de enchentes.
O Corredor da Embrapa ou Corredor do Instituto ou, mais antigamente, Estrada da Baronesa, recebe atualmente a denominação de Avenida Eliseu Maciel e é a via que liga o Campus da Ufpel à avenida Três de Maio. Em 1980, por iniciativa federal, a antiga estrada de chão batido foi alargada em cerca de três metros e recebeu camada de asfalto. Os melhoramentos naquela via converteram-na, em seguida, numa zona nobre, dada a proximidade com o campus universitário. Anos mais tarde, loteamentos surgiram à beira: Sítio São Marcos, Loteamento Campestre Loteamento Oriente Caldeira e Loteamento Wickboldt.
Dois jogadores do Estrela F.C., clube do Jardim América, no primeiro campo de futebol da agremiação que ficava à margem da BR-293. O fardamento utilizado foi resultado de um aproveitamento das camisas do extinto time do União da Hidráulica. À esquerda, observa-se o fardamento titular e, à direita o fardamento reserva.
Observa-se a zona urbana central, as pedreiras e, ao fundo, as terras do distrito do Pavão.
O terreno visualizado corresponde a segunda etapa de construção do Loteamento Zona Sul, na parte do atual Posto Fortaleza, em 1979. Aliás, a área pertencera ao Sr. Oriente Brasil Caldeira que foi o criador do loteamento. A 1a. etapa (entre av. Três de Maio e BR-116) foi entregue em 1977. Com o aumento do número de interessados em terrenos no loteamento, o Sr. Oriente teve que ampliar a área, abrindo ruas no outro lado da BR-116, obra que foi entregue em 1980 aproximadamente. Na parte nova, surgiram posto de gasolina, escola e centro comunitário, também por iniciativa do Sr. Oriente.
O que foi o Armazém Moreira ou o antigo comércio do Sr. Narciso Silva para o Capão do Leão, fora o Armazém do Sr. Ernani (Nandi) da Rosa no bairro Jardim América, entre 1966 e até o final da década de 1970. Além de um importante ponto de comércio, referência no bairro e a pessoas que vinham da zona rural, a área do estabelecimento também comportou um cinema (Cine América), uma ferraria, uma carvoaria, uma olaria, casas de aluguel (ao lado), oficina de bicicletas, bar com snooker, fabriqueta de picolés e ponto de venda de lenha. O local foi o "point" do Jardim América na década de 1970, tanto que era ponto de parada obrigatório a candidatos em campanhas eleitorais. Com a morte do Sr. Ernani da Rosa em 11 de Março de 1978, o comércio decaiu. Entretanto, mesmo depois de sua morte, o Sr. Ernani viria ainda a ser homenageado posteriormente com a denominação de um rua no bairro. O armazém situava-se onde hoje se encontra a Clínica de Fisioterapia à avenida Três de Maio.
A década de 1980 foi marcada por um aumento impressionante da migrantes no bairro Jardim América. Paralelamente, as antigas baiúcas (comércios menores) foram sendo substituídas por estabelecimentos comerciais maiores, destinados a um público cada vez maior. Os produtos a serem vendidos tornaram-se cada vez mais diversificados, uma simples vendinha não podia se resumir ao esquema "pão-leite-arroz-feijão". O Super Varejo Gomes, propriedade da família homônima, que situava-se na rua 28 de Março, no bairro Jardim América, marcou época entre 1986 e 1994. Posteriormente, a citada família viria a empreender a criação de um supermercado no centro de Capão do Leão, não por acaso.
Reunião em 31 de Agosto de 1987
Reunião em 29 de Abril de 1987